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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Santa Clara, Rogai por nós!

"Clara de nome, mais clara de vida e claríssima de virtudes!" Neste dia, celebramos a memória da jovem inteligente e bela que se tornou a 'dama pobre'. Santa Clara nasceu em Assis (Itália), no ano de 1193, e o interessante é que seu nome vem de uma inspiração dada a sua fervorosa mãe, a qual [inspiração] lhe revelou que a filha haveria de iluminar o mundo com sua santidade. Pertencente a uma nobre família, destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, por isso, ao deparar com a pobreza evangélica vivida por Francisco de Assis apaixonou-se por esse estilo de vida. Em 1212, quando tinha apenas dezoito anos, a jovem abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isso foi ao encontro de Francisco de Assis na Porciúncula e teve seus lindos cabelos cortados como sinal de entrega total ao Cristo pobre, casto e obediente. Ao se dirigir para a igreja de São Damião, Clara – juntamente com outras moças – deu início à Ordem, contemplativa e feminina, da Família Franciscana (Clarissas), da qual se tornou mãe e modelo, principalmente no longo tempo de enfermidade, período em que permaneceu em paz e totalmente resignada à vontade divina. Nada podendo contra sua fé na Eucaristia, pôde ainda se levantar para expulsar – com o Santíssimo Sacramento – os mouros (homens violentos que desejavam invadir o Convento em Assis) e assistir, um ano antes de sua morte em 1253, a Celebração da Eucaristia, sem precisar sair de seu leito. Por essa razão é que a santa de hoje é aclamada como a "Patrona da Televisão".

Santa Clara, Rogai por nós!

domingo, 7 de agosto de 2011

O playlist da vida!

Independentemente do som que você curte, todo mundo precisa de alguma coisa para escutar.
Um mundo sem música seria algo sem graça, pois as melodias e harmonias fazem parte da nossa vida.

A vida é uma canção. Feita de notas. Tons altos e baixos. Em uma métrica que o faz afinar ou não para a vida!

A música tem o poder de acalmar, de fazer pensar e até mesmo de curar. Hoje existem até cursos que formam profissionais que tratam pacientes com problemas físicos, mentais e sociais por meio da música e dos sons. A própria Bíblia descreve como Davi curou a depressão do rei Saul, tocando-lhe harpa.

Agora faço uma pergunta para você: qual a música tem tocado no Ipod de sua vida?

Será que no top 10 de sua playlist está uma música que em si traz a força do amor? Um amor que sabe ter tons graves e agudos e nunca deixa a desafinação acontecer?

Será que na harmonia de instrumentos usados para compor a canção de sua vida a força do amor é o grande harmonizador das diferenças?

Deixe-se embalar por uma canção nova, que traz em si toda a força do amor que sabe se adaptar aos diferentes estilos e nem por isso perde sua potencialidade.

Você nunca ouviu alguma música que o tranquilizou? Ou alguma que fez com que respirasse fundo, pois atualizava aquele momento especial da vida?

Pois é, muitas canções, por meio de suas palavras e notas musicais, trazem-nos essa sensação de paz e felicidade e, porque não até dizer, de estado de graça?

Por meio da música, é possível protestar, impor uma opinião. mover multidões, podendo assim mudar toda uma geração.

Que tal revolucionar com uma música nova, revolucionar na força do amor? Amor tocado, amor cantado, amor dedilhado, a música não faz bem somente a uma pessoa e sim ao mundo todo, dependendo da força que a motiva.

Já imaginou como seria se, cada vez que você encontrasse o amor de sua vida, no fundinho estivesse tocando aquela música romântica? E uma música triunfante quando você lesse seu nome no listão do vestibular? Ia até ficar mais fácil identificar aqueles momentos importantes da vida dos quais você só se dá conta depois. Se houvesse uma trilha sonora, você ia saber na hora o que estava acontecendo.

Isso é possível. Que tal fazer de sua vida uma trilha sonora com a música certa para o momento certo? Embalada pela força do amor?

Basta ouvir o som do coração! Essa é a grande trilha sonora de nossa playlist da vida.

Tamu junto



Adriano Gonçalves

Comunidade Canção Nova


sábado, 6 de agosto de 2011

O significado da Transfiguração de Jesus

O episódio misterioso da Transfiguração de Jesus sobre um monte elevado, o Tabor, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e João, se situa no contexto a partir do dia
em que Pedro confessou diante dos Apóstolos que Jesus é o Cristo, “o Filho de Deus vivo”. Esta confissão cristã aparece também na exclamação do centurião diante de Jesus na cruz: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39), pois somente no Mistério Pascal o cristão pode entender o pleno significado do título “Filho de Deus”.
A partir desta revelação de Pedro, inspirado pelo Pai, Jesus, diz S. Mateus, “começou a mostrar a seus discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse… que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia” (Mt 16,21). Pedro rechaça este anúncio, os demais também não o compreendem, mas Jesus mostra a eles que afastá-lo do cálice da Paixão, que ele deveria beber, era ser movido por Satanás.
O Evangelho segundo S. Lucas destaca a ação do Espírito Santo e o sentido da oração no ministério de Cristo. Jesus ora antes dos momentos decisivos de sua missão: antes de o Pai dar testemunho dele por ocasião do Batismo e também antes da Transfiguração, e antes de realizar por sua Paixão o plano de amor do Pai.
O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, e é importante notar que o evangelista destaca sobre o que eles falavam: “de sua partida que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do céu diz: “Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o” (Lc 9,35). A nuvem e a luz são dois símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Desde as manifestações de Deus (teofanias) do Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto; com Salomão por ocasião da dedicação do Templo.
Na Transfiguração a Trindade inteira se manifesta: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara. E Jesus mostra sua glória divina, confirmando, assim, a confissão de Pedro. Mostra também que, para “entrar em sua glória” (Lc 24,26), deve passar pela Cruz
em Jerusalém. Moisés e Elias haviam visto a glória de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias. Fica claro que a Paixão de Jesus é sem dúvida a vontade do Pai: o Filho age como servo de Deus.
A rica liturgia bizantina assim reza na festa da Transfiguração: “Vós vos transfigurastes na montanha e, porquanto eram capazes, vossos discípulos contemplaram vossa Glória, Cristo Deus, para que, quando vos vissem crucificado, compreendessem que vossa Paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que vós sois verdadeiramente a irradiação do Pai.”
No limiar da vida pública de Jesus temos o seu Batismo; no limiar da Páscoa, temos a sua Transfiguração. Pelo Batismo de Jesus foi manifestado o mistério da primeira regeneração: o nosso Batismo; já a Transfiguração mostra a nossa própria ressurreição. Desde já participamos da Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos da Igreja. A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, como disse S. Paulo, ” Ele vai transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também que com Jesus “é preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14,22). Por isso, como Cristo, o cristão não deve temer o sofrimento.
Unidos a Cristo pelo Batismo, já participamos realmente na vida celeste de Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). “Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus,
em Cristo Jesus” (Ef 2,6). Nutridos com seu Corpo na Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no último dia, nós também seremos “manifestados com Ele cheios de glória” (Cl 3,3).
Santo Agostinho nos ensina que: “Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a Montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu recusas sofrer?” (Sermão 78,6).
Assim, pela Transfiguração Jesus preparou os discípulos para não se escandalizarem com a sua Paixão e morte na Cruz, o que para eles foi um trauma e um grande desafio; mostrou-lhes a Sua glória e divindade; e deu-lhes conhecer um antegozo do Céu. Mas para isso, como Ele, temos que passar pelas provações deste mundo, sempre ajudados pelas consolações de Deus.

Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dia do Padre

Chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um 'pai'

O Dia do Padre é celebrado oficialmente em 4 de agosto, data da festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o Papa Pio XI o proclamou "homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico".
Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus. Tendo em vista essa explicação, vamos entender por que a Igreja o escolheu como exemplo a ser seguido pelos sacerdotes, na condução de seus rebanhos.
Esse santo homem nasceu na França, no ano de 1786, e depois de passar por muitas dificuldades, por conta das poucas habilidades, foi ordenado sacerdote. Mas o bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, entendendo que sua capacidade intelectual seria muito limitada para dar conselhos.
Então, ele foi enviado para a pequenina Ars, no interior da França, como auxiliar do padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom de vocação, e por confiar nele o preparou para o sacerdócio. E esse pároco, outra vez inspirado, acreditou que o dom dele [São João Maria Vianney] era justamente o do conselho e o colocou servindo no confessionário.
Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero da Igreja, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como “Cura d’Ars”, mais tarde, foi o pároco da cidade, onde morreu em 1858, sendo canonizado em 1925.
Sem dúvida, São João Maria Vianney é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus escolheu os insignificantes para confundir os grandes". Ser padre é isso, exatamente a vida inteirinha do seu padroeiro.
Ele entende o chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um "pai" (padre) à semelhança de Cristo, que amou e deu a vida ao povo pobre, simples e marginalizado. Nunca hesita. Tudo aceita, confia e acredita em Deus e na sua Providência, e caminha seguro para missão que lhe é designada.
A vida simples e a simplicidade dos ensinamentos Jesus Cristo são o fundamento do seu ministério, único parâmetro e exemplo a seguir. A sua tarefa é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e eterno Sacerdote. É o padre, que através do Evangelho, leva os homens a Deus, pela conversão da fé em Cristo. Por isso, são pessoas que nascem com esse dom e, logo cedo ou no momento oportuno, ouvem o chamado de Deus para se consagrarem a servir à comunidade, nos assuntos que se referem a Ele.
Ser padre é ser "pai" de uma comunidade inteira. Como tal, é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância; o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita. Dessa Igreja missionária, que não sobreviveria sem o sacerdote, como indicou o próprio Jesus Cristo, seu fundador pela Paixão por nós.
Sua missão é construir comunidades, entender a alma humana e perdoar os pecados, evangelizar, unir e alimentar a comunidade pela Eucaristia. Entendem, como diz Lucas 21, 15: "Eu vos darei eloqüência e sabedoria, às quais nenhum de vossos adversários poderá resistir nem contradizer" , e são verdadeiras testemunhas da fé, por sua oração, sacrifício e coragem cristã.

Dom Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jales (SP)

São João Maria Vianney, Patrono dos Parócos

João Maria Batista Vianney, era de origem pobre e humilde, foi o quarto filho de Mateus e Maria Vianney. Nasceu pouco antes de irromper a Revolução Francesa em 08 de Maio de 1786 em uma pequena aldeia, Dardilly, que fica perto de Limonest, a dez quilômetros ao norte de Lyon, na França. Foi batizado no mesmo dia em que nasceu. No batismo recebeu o nome de João, ao qual acrescentou o de Maria por especial devoção à Maria Santíssima.
Desde a infância, manifestava uma forte inclinação à oração e um grande amor ao recolhimento. Muitas vezes era encontrado num canto da casa, jardim ou no estábulo, rezando, de joelhos, as orações que lhe tinham ensinado: o Padre-Nosso, a Ave-Maria, etc. Os pais, principalmente a piedosa mãe, Maria, cultivavam no filho esse espírito de religião e de piedade, que o levou a crescer na fé e ser devoto de Maria Santíssima.
Durante os anos da Revolução Francesa, quando a igreja da vila foi fechada pela perseguição religiosa, ele continuava a rezar. Para fazer isso, ele aproveitava algum tempo de seu trabalho, de cuidar de animais junto com seus irmãos, para rezar. Ele continuava a rezar, no final do dia, as orações habituais em casa com seus pais.
Ele gostava de ajudar os pais nas caridades que eles faziam, ajudando os necessitados. Quando jovem, caiu doente e passou quatorze meses nos hospitais de Lyon e de Roanne e não pode entrar para o serviço militar durante o império napoleônico, teve que viver escondido, exposto a graves perigos.
Desde pequeno queria ser padre a todo custo, mas esbarrou em dois obstáculos: pobreza e sobretudo a escassa inteligência. Em 1813, com vinte anos, ele ingressou no seminário Santo Irineu, em Lyon. Todos os cursos que devia fazer eram dados em latim. O problema surgiu de imediato; João Maria não entendia nada, e nas provas do primeiro mês tirou notas baixas, que o desclassificaram, mas estas notas não eram definitivas.
Insiste em entrar na Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, mas não é admitido pelas mesmas razões. Por causa disto, ele foi mandado de volta para Ecully, para estudar Teologia com seu amigo, padre Balley. O padre nesse tempo o ensinou na língua Francesa, língua do Vianney, e no final do curso ele fez as provas em Francês, e foi aprovado. Assim ele foi readmitido no Seminário.
No dia 02 de Julho de 1814 foi ordenado Subdiácono. João Maria continuou seus estudos na casa do amigo, padre Balley. Depois da batalha de Waterloo, quando os austríacos invadiram a região, João Maria foi a pé por falta de transporte, para Grenoble. Lá, no dia 13 de Agosto de 1815, ele foi ordenado padre, aos 29 anos de idade. No dia seguinte celebrou sua primeira Missa!
Ao Padre Vianney ninguém lhe fazia prognósticos animadores. Faltavam-lhe os apregoados dotes da razão que tanto faziam a grandeza dos séculos das luzes. Por essa razão, os padres estavam queixando-se ao bispo de Balley e pela mesma razão o bispo lhes respondera: “Não sei se ele é instruído; sei que é iluminado”. Começou a sua vida sacerdotal como ajudante do bispo Balley. O bispo Balley, continuou a dar ao padre Vianney os cursos de Moral e Teologia, Em Dezembro de 1817, o estado de saúde do bispo Balley agravou e ele faleceu.
Em Janeiro de 1818 veio o novo pároco para Ecully, mas ele tinha uma vida totalmente diferente do padre Vianney. Na verdade, o Padre Vianney era diferente. A par da simplicidade mais natural e de uma autêntica humildade, irradiava dele algo superior à inteligência, uma forma mais elevada de ver as coisas, que se manifestava nos conselhos que dava no jeito de conversar com as pessoas, de lhes ouvir os problemas e de lhes sugerir soluções ou confortá-las.
O Arcebispo de Lyon, Arquidiocese sede da Diocese de Ecully, sabendo dessa diferença pediu ao Vigário Geral Courbon, para informar ao padre Vianney, que ele seria transferido para a paróquia da Aldeia de Ars-em-Dombes. De nada mais que 200 a 300 habitantes, no dia 9 de fevereiro de 1818, uma sexta-feira, João Maria Batista Vianney chegou em Ars, para cuidar de uma capela semi-abandonada. Veio em uma carruagem, guiada por um paroquiano de Ecully, onde carregou seus pertences e uma biblioteca com trezentos volumes. Apesar de pequena instrução, gostava de ler livros.
Ao chegar à cidadezinha ficou meio confuso, porque a neblina cobria as casas. O entendimento foi difícil pois o menino, Antonio Givre, não sabia Francês e o dialeto de Ars era bem diferente de Ecully. Então perguntou ao garoto: “Menino, onde está Ars?” O menino apontou com o dedo dizendo-lhe: “É ali mesmo”. E João Maria Vianney disse ao menino: “Você me ensinou o caminho de Ars, e eu lhe ensinarei o caminho do céu”.
Essa predição era enfática, mas situada no tom romântico da época. Predição, ou não, o certo é que o pequeno pastor Antonio Givre morreu alguns dias depois dela. Um monumento de bronze, na entrada de Ars, lembra esse primeiro encontro. O Padre entrou no povoado levando muitos sonhos e esperanças. João Maria Batista Vianney era simples, por isso, quando chegou na paróquia de Ars, devolveu alguns móveis à proprietária, deixando somente o necessário. A sua alimentação era muito simples, apenas algumas batatas cozidas. Nem imaginava quanto iria sofrer ali dentro. Ars era pequena no tamanho, mas enorme quanto aos problemas: muitas casas de jogatina, de prostituição, de vícios, cidade paganizada. A capela estava sempre vazia.
Em 1818, Ars-em-Dombes era uma caricatura cristã. A fé não era vista com seriedade. A capela estava sempre deserta, o povo não freqüentava os sacramentos e o domingo era marcado por festas profanas. Aí ele dobrou seu tempo de oração. O Padre Vianney se pôs a rezar, fazer jejuns e penitência. Visitava as famílias e as convidava para a Santa Missa. Ars começou a transformar-se. Alguns começaram a ir à capela. A capela se enchia. Então o pároco fundou a Confraria do Rosário para as mulheres, e a Irmandade do Santíssimo Sacramento para os homens. Diante disso, os donos dos bares e organizadores de jogatinas começaram dura perseguição contra o Padre Vianney. Este chegou a dizer, “Ah, se eu soubesse o que é ser vigário, teria entrado num convento de monges”.
Ars Virou santuário com peregrinações. Pessoas cultas de outras cidade iam ouvir as homilias do Cura d’Ars. Quando algum padre lhe perguntava qual o segredo de tudo aquilo, o Padre Vianney lhe respondia: “Você já passou alguma noite em oração? Já fez algum dia de jejum?”.
Ele viveu toda a sua vida dedicada a Deus. Ele repousava de 02 a 04 horas no máximo por noite. Quando acordava ia a Igreja, rezava diante do Sacrário e depois ia confessar seus paroquianos. Eram inúmeras as pessoas que vinham se confessar com ele. Ele passou a maior parte de sua vida no confessionário. Chegava a ficar 14 horas confessando os paroquianos. Como era grande o número de pessoas, ele dividiu em vários confessionários, um para mulheres outro para homens, outro para doentes, etc. Ele marcava os horários para cada um.
O Cura d’Ars acreditava no poder da oração e do jejum e na resposta do bom Deus. Ele tinha em sua mente a exortação de São Paulo Apostolo: “Orai sem cessar” (1 Ts 5, 17). Não era orador, não falava com eloqüência, nas homilias perdia o fio da meada, atrapalhava-se, outras vezes não sabia como acabá-las cortava a frase e descia do púlpito acabrunhado. O mesmo acontecia na catequese. No confessionário, porém, estava sua maior atuação pelo mistério da Providência Divina. No aconselhamento das pessoas falava do bom Deus de forma tão amorosa que todos saiam reconfortados. Não sabia usar palavras bonitas, idéias geniais, buscava termos do quotidiano das pessoas.
No confessionário viveu intensamente seu apostolado, todo entregue às almas, devorado pela missão, integralmente fiel à vocação. Do confessionário seu nome emergiu e transbordou dos estreitos limites Ars-em-Dombes para aldeias e cidades vizinhas. Os peregrinos que desejavam confessar-se com ele começaram a chegar. Nos últimos tempos de vida eram mais de 200 por dia, mais de 80.000 por ano.
João Maria gostava muito de São Francisco, por isso, ele estava inscrito na Ordem Terceira Franciscana. Ele amava os pobres e ajudava sempre que tinha dinheiro e principalmente na parte espiritual. João Maria gostava muito também de Santa Filomena, e muitos escritores vinham ouvi-lo falar dela, e escreviam vários livros. Um deles é o “Santa Filomena Virgem Mártir” segundo “Santo Cura d’Ars”. Ele queria construir uma igreja para a Santa Filomena, mas não conseguiu, e hoje atrás da sua igreja foi construída uma basílica em honra de Santa Filomena, onde seu corpo incorrupto repousa num relicário.
O seu coração está conservado até hoje em uma capela dentro de um relicário. O padre Vianney transformou o lugarejo de Ars em uma aldeia menos atéia, com mais amor a Deus do que aos prazeres terrenos. Toda vez, antes de começar a Santa Missa, ele tocava o sino, na torre em que ele construiu, para avisar que era hora do cristão rezar, lembrar de Deus. Ele próprio ensinava catecismo para as crianças. João Maria era de estatura pequena, mas de constituição robusta. Sua vida de intenso trabalho, pouca alimentação, jejum e penitência, provocou um enfraquecimento.
Aos 73 anos de idade, na terça-feira, 02 de Agosto de 1859, João Maria Batista Vianney recebe a Unção dos Enfermos. Na quarta-feira, 03 de Agosto, assina seu testamento, deixando seus bens aos missionários e seu corpo à Paróquia. Às duas horas do dia 04 de Agosto de 1859, morre placidamente. Nos dias 04 e 05, trezentos padres mais ou menos e uma incalculável multidão desfilaram diante do seu Corpo, em prantos, para despedir. Quando chegou à cidadezinha ninguém veio recebê-lo, quando morreu a cidade tinha crescido enormemente e multidões de peregrinos o acompanharam à última morada.
A Igreja, que pela lógica humana receara fazê-lo sacerdote, curvou-se à sua santidade. João Maria Vianney foi proclamado Venerável pelo papa Pio IX em 1872, beatificado pelo papa São Pio X em 1905, canonizado pelo papa Pio XI em 1925 e pelo mesmo foi declarado padroeiro de todos os párocos do mundo, em 1929. Esse é o Santo Cura d’Ars, cuja memória, celebramos no dia 4 de agosto.
A vida do Santo Cura d’Ars confirma o que São Paulo Apóstolo escreveu: “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é, a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1 Cor 1, 27-29).
São dois grandes pensamentos conhecidos do povo católico no mundo inteiro do sábio Santo Cura d’Ars. O primeiro é: “Deixai uma paróquia 20 anos sem Padre e lá os homens adorarão os animais”. E o segundo: “Quem não tem tempo a perder para Deus, perde seu tempo”. Louvado seja o bom Deus pelo Santo Cura d’Ars.

São João Maria Vianney, Rogai por nós!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mês de Agosto, Mês Vocacional

Estamos no mês de agosto, um mês muito rico para a nossa vida em geral. É rico para a nossa vida familiar porque comemoramos o Dia dos Pais e temos a Semana da Família. É rico para a vida eclesial, pois temos grandes solenidades como a Transfiguração do Senhor, a Assunção de Nossa Senhora e Nossa Senhora Rainha. Celebramos grandes nomes da Igreja como Santo Afonso, fundador dos Missionários Redentoristas que cuidam da nossa Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, São Lourenço, padroeiro dos diáconos, Santa Clara, tão querida do nosso povo, Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina e que nos recorda a missão continental, o martírio de São João Batista, Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, a quem recordamos pelo amor ao seu filho e suas lágrimas pela sua conversão.
Recordo, ainda, o grande São João Maria Vianney, o Cura d’Ars. Ele é o padroeiro dos nossos padres e sua memória é a grande motivação para que o mês de agosto seja o mês Vocacional.
Neste mês, pensamos na vocação dos leigos e leigas, chamados a servir ao Reino de Deus através da sua índole secular, ou seja, sendo fermento na massa, sal da terra e luz do mundo em todos os ambientes em que vivem, ou seja, ambiente familiar, escolar, social, profissional, eclesial, no lazer, etc. Pelo testemunho dos leigos e leigas, muitas pessoas são motivadas a crer em Jesus Cristo, que nos leva à conversão e à participação na comunidade eclesial e na ação evangelizadora da Igreja, como discípulos e missionários.
Refletimos também sobre a vocação religiosa, a vocação daquelas pessoas que procuram seguir Jesus e à Igreja pela vivência dos conselhos evangélicos: obediência, pobreza e castidade, na vida comunitária e no serviço a Deus e aos irmãos e irmãs, através da missão específica da ordem ou da congregação religiosa.
Gostaria de pedir a sua atenção para a vocação sacerdotal. Todos nós sabemos da necessidade e da falta que temos de padres no nosso país, não apenas nas áreas missionárias mais distantes da nossa pátria, mas também, nas grandes cidades que crescem assustadoramente e o número de padres não acompanha este crescimento, com graves consequências para o povo de Deus, como a dificuldade para a participação na vida da Igreja, em especial nos sacramentos, a falta de acompanhamento espiritual e a pouca presença da Igreja nas grandes e graves questões que marcam a nossa época. Precisamos rezar, e rezar muito, para que tenhamos mais padres, e também para que os nossos padres sejam cada vez mais santos, fiéis a Jesus Cristo que os chama, e à missão que lhes é confiada.
Que pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, nossa Mãe e Padroeira, imploremos ao seu divino Filho muitas vocações para a Igreja e, principalmente, muitos padres santos e preparados, para que o Evangelho seja anunciado, as pessoas se convertam, o mal seja vencido e o Reino de Deus cresça no coração e no meio dos homens.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP