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sábado, 26 de março de 2011

Oitava Semana: O menino dos cinco pães - A Tentação de Reter para Si

Série Formação: "Tentação do Músico"

O melhor exemplo que poderíamos encontrar para ilustrar este tipo de tentação é uma figura quase apagada na Palavra de Deus, um menino que apenas é mencionado como dono de cinco pães e dois peixes, dádivas preciosas para a multiplicação dos pães.
A história deste menino está no Evangelho de São João 6,1-15.
A multidão que seguia Jesus estava faminta. Cristo tem compaixão do povo e sabia muito bem o que ia fazer, mas para experimentar Seus discípulos perguntou-lhes:
'Onde compraremos pão para toda essa gente?' (vers. 5b)
André sempre vai a Jesus, apresenta-lhe algo. Ele, que um dia apresentou Pedro a Jesus, apresenta-lhe agora um menino proprietário de cinco pães e dois peixes.
A passagem não relata quase nada sobre o garoto, mas nos colocamos a imaginar: o que estaria fazendo aquele menino no meio da multidão faminta com aquela quantidade de alimentos? Seria ele alguém que estava lá para vender os alimentos? Será que aquela quantidade de pães e peixes havia sobrado porque o menino ficou entretido com as palavras de Jesus e, assim, esqueceu-se de comer?
Isso tudo agora não tem muita importância, pois o que queremos focalizar é que o menino doou o que possuía para o Senhor e, como resultado de sua doação o milagre aconteceu. No meio daquela multidão, é claro que o menino ficou tentado a não entregar o que possuía, é o que deduzimos, devido a toda uma multidão faminta que o cercava.
O músico é também tentado, como o menino dos cinco pães e dois peixes, ou seja, a não dar ao Senhor o que possui de mais precioso: sua vida. O Senhor, muitas vezes, faz um milagre a partir do que é oferecido a Ele, como nas Bodas de Caná, onde foi apresentada ao Senhor água para ser transformada em vinho. Se retemos nossas ofertas ao Senhor, como haverá multiplicação?
*É uma tentação perigosa a de reter os conhecimentos e técnicas musicais só para si. Há muitos músicos fazendo isto e, por esta causa, temos tido tão poucos músicos cristãos, já que o milagre da multiplicação tem sido impedido de acontecer por falta de servos dispostos a doarem de si mesmos ao Senhor e aos irmãos.*
É semeando que colhemos. Ninguém planta uma quantidade de sementes, em condições normais, para receber o mesmo tanto de sementes que plantou; ao contrário, a terra generosa se incumbe de multiplicar as sementes.
“Convém lembrar: aquele que semeia pouco, pouco ceifará. Aquele que semeia em profusão, em profusão ceifará. Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria.” (II Cor. 9,6-7)
O músico deve ser como André, que apresenta algo para o Senhor, que não se apresenta a Deus vazio, mas oferece ao Senhor pequenina colaboração para acontecer o milagre da multiplicação.

Trecho extraído do Livro: "Formação Espiritual de Evangelizadores na Música" de "Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus"

sábado, 19 de março de 2011

Sétima Semana: Os filhos de Eli - Servir a Deus em estado de pecado

Série Formação: "Tentação do Músico"

O procedimento indigno dos filhos do sacerdote Eli nos é relatado no primeiro Livro de Samuel, capítulo 2, versículos 1 em diante (leia o capítulo inteiro). Quando o povo ia até o templo para levar suas ofertas ao Senhor e sacrificar animais nas celebrações, os filhos do sacerdote Eli retiravam dos ofertantes aquilo que não lhes pertencia, retiravam o melhor das dádivas reservadas ao Senhor. Se alguns dos fiéis se opusessem, ameaçavam tomar à força.
O comportamento do pequenino Samuel era diferente. Embora ainda criança (vers. 18), servia ao Senhor trajando a veste sacerdotal. Desde pequeno o menino Samuel era consagrado ao Senhor e levava a sério seu trabalho.
A atitude dos filhos de Eli atraía a repulsa do povo, mas chegou aos limites. Um dia apareceu um homem de Deus (vers. 27) e declarou ao velho sacerdote o pecado de omissão deste por não corrigir o comportamento dos filhos: “Fazes mais caso dos teus filhos que de mim, engordando-os com o melhor de todas as ofertas de meu povo de Israel” (vers. 29b).
O homem de Deus declarou então a Eli que seus filhos não ficariam mais à frente das coisas de Deus, mas pereceriam devido ao seu mau comportamento.
Também o músico sofre a tentação de servir a Deus vivendo em estado de contratestemunho. O músico tem de ser consagrado ao Senhor como Samuel. Ser consagrado é ter o ministério como prioridade, como serviço, é separar para o Senhor o melhor de nosso tempo.
Muitas vezes, somos tentados a não querer oferecer o melhor para Deus; no entanto, com nossa atitude de egoísmo e pecado impedimos as pessoas de entregar o coração a Deus. É uma tentação forte a de servir a Deus com procedimento indigno de servos que somos.
O que realmente convence as pessoas é o nosso testemunho de vida: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas que nos mestres” (Evangelii Nuntiandi 44).
Se seu pecado o está impedindo de servir a Deus, ou as atitudes de contratestemunho estão escandalizando as pessoas, se alguém está com a vida irregular e mesmo assim continua à frente no ministério de música, é melhor parar, afastar-se temporariamente, procurar a confissão, para então voltar para o seu lugar no ministério. Não há pecado algum que o Sangue de Jesus não possa lavar. Temos na nossa Igreja o sacramento da reconciliação. Quem é sensato não despreza as palavras de São Tiago: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago 5,16).
Esse tipo de tentação, o de servir na música com uma vida irregular, é muito perigoso, pois é muito cômodo ter uma aparência de santo, é até fácil; porém, aquilo que é oculto sempre vem a ser revelado. As pessoas quererão verificar se o músico está realmente vivendo o que canta.

Trecho extraído do Livro: "Formação Espiritual de Evangelizadores na Música" de "Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus"

sábado, 12 de março de 2011

Sexta Semana: Safira e Ananias - A tentação de servir a Deus pela metade

Série Formação: "Tentação do Músico"

A história do casal Safira e Ananias é descrita nos Atos dos Apóstolos 5,1-11. Naquele tempo os primeiros cristãos vendiam suas propriedades e depositavam aos pés dos apóstolos a quantia da venda, conquistando assim a admiração de todos. Eles procediam desta maneira, pois haviam descoberto o Tesouro Escondido, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, pérola preciosa.
O referido casal tramou vender seu campo e reter para si certa quantia do dinheiro. Deus não havia ordenado aos dois que vendessem a propriedade, mas eles estavam tocados pela admiração do povo por aqueles que se dedicavam totalmente ao Cristianismo. Os dois pretendiam ser “cristãos de aparência”, queriam parecer santos, quando, no fundo, estavam apegados ao materialismo. Não possuíam confiança absoluta no Senhor. Talvez tivessem guardado um pouco do dinheiro com medo de o Cristianismo não dar certo; então poderiam recomeçar a vida com o que lhes havia sobrado da venda do local.

Pensando assim, dirigiam-se um após o outro aos Apóstolos, primeiro Ananias, depois Safira. O primeiro que chegou teve seu pecado revelado: haviam mentido não para os Apóstolos, mas para o Espírito Santo. Safira chegou por último com a mesma mentira, encobrindo a verdade, tentando manter as aparências de pessoa muito santa; mas sua mentira, sua vida só de aparências, foi desmascarada por Pedro. Os dois tiveram a mesma sorte: pereceram devido à mentira.
O ministro de Deus na música não pode servir a Deus pela metade. É uma grande tentação querer manter as aparências para servir o Senhor. Não se pode querer viver uma vida carismática aliada a uma vida de pecado ao mesmo tempo; uma vida de materialismo e de mentiras convivendo ao mesmo tempo com o serviço de Deus. Não podemos ter máscaras, temos de ser autênticos, não podemos ter procedimentos fingidos. É o que nos diz São Paulo: “Não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. Afastamos de nós todo procedimento fingindo e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a Palavra de Deus” (II Coríntios 4,1-2).

Trecho extraído do Livro: "Formação Espiritual de Evangelizadores na Música" de "Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus"

quarta-feira, 9 de março de 2011

Campanha da Fraternidade - 2011

Abertura da CF - 2011
Quarta-Feira de Cinzas

Tema: Fraternidade e a Vida no Planeta
Lema: "A criação geme em dores de parto" (Rm.8,22)

O tema da Campanha da Fraternidade de 2011 é “Fraternidade e a Vida no Planeta” que será voltada para o meio ambiente; e o lema é “A Criação Geme Com Dores de Parto”. Dom Dimas Lara Barbosa, bispo auxiliar do arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB, conta-nos que a Campanha da Fraternidade de 2011 reflete a questão ecológica, com foco, sobretudo, nas mudanças climáticas.

Hino da CF - 2011

1. Olha, meu povo, este planeta terra:
Das criaturas todas, a mais linda!
Eu a plasmei com todo amor materno,
Pra ser um berço de aconchego e vida. (Gn 1)

Nossa mãe terra, Senhor,
Geme de dor noite e dia.
Será de parto essa dor?
Ou simplesmente agonia?!
Vai depender só de nós!
Vai depender só de nós!

2. A terra é mãe, é criatura viva;
Também respira, se alimenta e sofre.
É de respeito que ela mais precisa!
Sem teu cuidado ela agoniza e morre.

3. Vê, nesta terra, os teus irmãos. São tantos...
Que a fome mata e a miséria humilha.
Eu sonho ver um mundo mais humano,
Sem tanto lucro e muito mais partilha!

4. Olha as florestas: pulmão verde e forte!
Sente esse ar que te entreguei tão puro...
Agora, gases disseminam morte;
O aquecimento queima o teu futuro.

5. Contempla os rios que agonizam tristes.
Não te incomoda poluir assim?!
Vê: tanta espécie já não mais existe!
Por mais cuidado implora esse jardim!

6. A humanidade anseia nova terra. (2Pd 3,13)
De dores geme toda a criação. (Rm 8,22)
Transforma em Páscoa as dores dessa espera,
Quero essa terra em plena gestação!

Oração da CF - 2011

Senhor Deus, nosso Pai e Criador.
A beleza do universo revela a vossa grandeza,
A sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas,
E o eterno amor que tender por todos nós.

Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra,
E o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça.
A beleza está sendo mudada em devastação,
E a morte mostra a sua presença no nosso planeta.

Que nesta quaresma nos convertamos
E vejamos que a criação geme em dores de parto,
Para que possa renascer segundo o vosso plano de amor,
Por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.

E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida,
Também nós, movidos pelos princípios do Evangelho,
Possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor,
O ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo.

Amém.

O que é a Quarta-Feira de Cinzas?

É um princípio da Quaresma; um dia especialmente penitencial, em que manifestamos nosso desejo pessoal de CONVERSÃO a Deus. Quando vamos aos templos em que nos impõem as cinzas, expressamos com humildade e sinceridade de coração, que desejamos nos converter e crer de verdade no Evangelho.

QUANDO TEVE ORIGEM A PRÁTICA DAS CINZAS?
A origem da imposição da cinza pertence a estrutura da penitência canônica. Começou a ser obrigatória para toda a comunidade cristã a partir do século X. A liturgia atual conserva os elementos tradicionais: imposição da cinza e jejum rigoroso.

QUANDO SE ABENÇOA E SE IMPÕEM A CINZA?
A benção e a imposição da cinza tem lugar dentro da Missa, após a homilia; embora em circunstâncias especiais, se pode fazer dentro de uma celebração da Palavra. As formas de imposição da cinza se inspiram na Escritura: Gn, 3, 19 e Mc 1, 15.

DE ONDE PROVEM A CINZA?
A cinza procede dos ramos abençoados no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que se remonta ao século XII. A forma de benção faz relação a condição pecadora de quem a recebeu.

QUAL É O SIMBOLISMO DA CINZA?
O simbolismo da cinza é o seguinte:
1. Condição fraca do homem, que caminha para a morte;
2. Situação pecadora do homem;
3. Oração e súplica ardente para que o Senhor os ajude; Ressurreição, já que o homem está destinado a participar no triunfo de Cristo;

Profº. Felipe Aquino
Fonte: www.cleofas.com.br

segunda-feira, 7 de março de 2011

Qual a origem do Carnaval e qual a atitude da Igreja diante dele?

I. Origem: antes do mais, diga-se algo sobre a etimologia de “Carnaval”.

Comumente os autores explicam este nome a partir dos termos do latim tardio “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; esta derivação indicaria que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal. – Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da Quaresma, ou seja, ao domingo da Qüinquagésima, o título de “dominica ad carnes levandas”; a expressão haveria sido sucessivamente, carneval ou carnaval”. – Um terceiro grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: donde a forma Carnavale.
Como se vê, não é muito clara a procedência do nome.
Quanto à realidade por este designada deve-se dizer o seguinte:
As mais antigas notícias de pompas semelhantes às que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: as pinturas de certos vasos gregos apresentam figuras mascaradas a desfilar em procissão ao som de música as pompas do culto do deus Dionísio, com suas fantasias e alegorias, são certamente anteriores à era cristã. Entre os gregos, análogas festividades eram ocasionadas pela entrada de novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera e a conseqüente despedida do inverno. Elementos da religiosidade pagã e da mitologia costumavam inspirar essas celebrações; em geral os povos não-cristãos intencionavam, com seus ritos exuberantes, expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior e pedir aos seres superiores a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano. Disto dão testemunho os costumes vigentes ocasião de tais solenidades: para exprimir a expiação e o cancelamento das culpas passadas, por exemplo, encenava-se a morte de um fantoche ou boneco que, depois de “haver feito seu testamento” e após uma paródia de transporte fúnebre, era queimado ou lançado à água ou de qualquer modo destruído (rito celebrado geralmente no dia 1º de janeiro) Em algumas regiões procedia-se à confissão pública dos vícios: matava-se um peru, o qual, antes de morrer, proclamava pela boca de um dos cidadãos os malefícios da gente do país. A denúncia das culpas tomava não raro um caráter pilhérico e teatral: era, por exemplo, o cômico Arlequim que, antes de ser entregue à morte confessava os seus pecados e os alheios. Apesar das intenções sérias que inspiraram inicialmente tais manifestações públicas, compreende-se que elas tenham mais e mais dado lugar à licenciosidade e a deploráveis abusos, fomentados elo uso de máscaras, trajes alegóricos, pela exibição de préstitos, peças de teatro, etc. Em tese, as danças e o tripudiar característico dessas festas deviam servir de exortação ao povo para que cheio de alegria iniciasse a nova estação do ano. As religiões ditas “de mistérios” provenientes do Oriente e muito difusas no Império Romano, concorreram não pouco, pelo fato de seguirem rituais exuberantes, para o incremento das festividades carnavalescas. Estas, em conseqüência, tomaram o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou “lupercais”. As demonstrações de alegria porém, tornando-se subversivas da ordem pública, o Senado Romano, no séc. II a.C. resolveu combater os bacanais; os adeptos destes passaram a ser acusado de graves ofensas contra a moralidade e contra o Estado.
Dado o motivo de tais festividades populares, entende-se que a data de sua celebração tenha sido vária: podia ser o dia 25 de dezembro (dia em que os pagãos celebravam Mitra ou o Sol Invicto) ou o dia 1º de janeiro (começo do novo ano), ou 6 ou 17 de janeiro ou 2 de fevereiro (datas religiosas pagãs) ou algum termo pouco posterior.

II. Atitude da Igreja: quando o Cristianismo se difundiu, já encontrou tais orgias no uso dos povos. Por princípio, o Evangelho não é contrário às demonstrações de júbilo, contanto que não degenerem em celebrações libertinas e pecaminosas. Por isto, os missionários não se opuseram formalmente à realização do Carnaval, mas procuraram dar-lhe caráter novo, depurando-o de práticas que tinham sabor nitidamente supersticioso ou mitológico e enquadrando-o dentro da ideologia cristã; assim, como motivo de alegria pública, os pastores de almas indicavam por vezes algum mistério ou alguma solenidade do Cristianismo (o Natal, por exemplo, ou a Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro 6 de janeiro u 2 de fevereiro). Por fim, as autoridades eclesiásticas conseguiram restringir a celebração oficial do Carnaval aos três dias que precedem a quarta-feira de cinzas (em nossos tempos alguns párocos bem intencionados promovem, dentro das normas cristãs, folguedos públicos nesse tríduo, a fim de evitar sejam os fiéis seduzidos por divertimento pouco dignos).
Como se vê, a Igreja não instituiu o Carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno vigente no mundo em que ela se implantou. Sendo em si suscetível de interpretação cristã, ela o procurou subordinar aos princípios do Evangelho; era inevitável, porém, que os povos não sempre observassem o limite entre o que o Carnaval pode ter de cristão e o que tem de pagão. Está claro que são contrários às intenções da Igreja os desmandos assim verificados Em reparação dos mesmos, foram instituídas a adoração das Quarenta Horas e as práticas de Retiros Espirituais nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas.

Profº. Felipe Aquino
blog.cancaonova.com/felipeaquino/

sábado, 5 de março de 2011

Quinta Semana: Pilatos - A tentação da falta de compromisso

Série Formação: "Tentação do Músico"

A mulher já o havia advertido de que não fizesse nada contra Jesus, pois havia sido atormentada por um sonho que lhe dizia respeito (cf. Mateus 27,19b), porém, Pilatos estava pressionado por dois lados: de uma lado estavam os fariseus e príncipes dos sacerdotes, que queriam que Pilatos, detentor do poder de mandar Jesus à morte, o condenassem; de outro, estava a sua mulher, que não queria a morte de Jesus. Pilatos ainda se sentia constrangido com as palavras de Cristo, que lhe havia dito que realmente era Rei, mas que o Reino d'Ele não era deste mundo. E mais ainda: Jesus lhe havia dito que fora Seu Pai quem havia dado o cargo que ele [Pilatos] exercia.
O Senhor também revelou a Pilatos que Sua missão era dar testemunho da verdade. E este lhe pergunta: “O que é a verdade?” - tendo feito esta pergunta virou as costas a Jesus (cf. João 18,35-38). Ele não queria, na verdade, saber o que era a verdade nem se comprometer com verdade alguma; pois preferia prender-se à “sua verdade”, à sua conveniência. Pilatos queria soltar Jesus (cf. Lucas 23,20-21), mas se sentia pressionado, pois se assim o fizesse ele estaria se comprometendo com o Mestre de Nazaré e, por conseguinte, perderia sua posição no poder.
A posição de Pilatos era de “ficar em cima do muro”; não queria compromisso com Jesus, pois isso lhe traria muitos transtornos e sua vida mudaria da situação confortável em que se encontrava. Então, querendo satisfazer o povo e não a Deus (cf. Marcos 15,15), lavou as mãos e mandou que Jesus Nazareno fosse crucificado.
A falta de compromisso é uma tentação muito forte para o servo de Deus na música, pois é muito cômodo ter o ministério apenas como bico, como passatempo de fim de semana. É muito cômodo dizer: “Eu não tenho nada com isso, pois já fiz o meu trabalho!” Ministério de música é, acima de tudo, compromisso com Deus, exige consagração e busca da verdade todos os dias da vida. O músico não pode ficar “em cima do muro”, mas deve se comprometer, dedicar sua vida a esse ministério. É uma tentação muito grande, a mesma em que caiu Pilatos, a de achar que a vida piorará se nos comprometemos com o Senhor. Jesus nos amou tanto que deu a vida por nós. Como Ele não irá nos dar a felicidade de que precisamos? Não adianta ser servo de Deus na música e nos deixarmos levar por uma vida sem oração e sem vínculos com a Igreja, sem compromissos com o Reino do Senhor.

Trecho extraído do Livro: "Formação Espiritual de Evangelizadores na Música" de "Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus"