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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Santa Clara, Rogai por nós!

"Clara de nome, mais clara de vida e claríssima de virtudes!" Neste dia, celebramos a memória da jovem inteligente e bela que se tornou a 'dama pobre'. Santa Clara nasceu em Assis (Itália), no ano de 1193, e o interessante é que seu nome vem de uma inspiração dada a sua fervorosa mãe, a qual [inspiração] lhe revelou que a filha haveria de iluminar o mundo com sua santidade. Pertencente a uma nobre família, destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, por isso, ao deparar com a pobreza evangélica vivida por Francisco de Assis apaixonou-se por esse estilo de vida. Em 1212, quando tinha apenas dezoito anos, a jovem abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isso foi ao encontro de Francisco de Assis na Porciúncula e teve seus lindos cabelos cortados como sinal de entrega total ao Cristo pobre, casto e obediente. Ao se dirigir para a igreja de São Damião, Clara – juntamente com outras moças – deu início à Ordem, contemplativa e feminina, da Família Franciscana (Clarissas), da qual se tornou mãe e modelo, principalmente no longo tempo de enfermidade, período em que permaneceu em paz e totalmente resignada à vontade divina. Nada podendo contra sua fé na Eucaristia, pôde ainda se levantar para expulsar – com o Santíssimo Sacramento – os mouros (homens violentos que desejavam invadir o Convento em Assis) e assistir, um ano antes de sua morte em 1253, a Celebração da Eucaristia, sem precisar sair de seu leito. Por essa razão é que a santa de hoje é aclamada como a "Patrona da Televisão".

Santa Clara, Rogai por nós!

domingo, 7 de agosto de 2011

O playlist da vida!

Independentemente do som que você curte, todo mundo precisa de alguma coisa para escutar.
Um mundo sem música seria algo sem graça, pois as melodias e harmonias fazem parte da nossa vida.

A vida é uma canção. Feita de notas. Tons altos e baixos. Em uma métrica que o faz afinar ou não para a vida!

A música tem o poder de acalmar, de fazer pensar e até mesmo de curar. Hoje existem até cursos que formam profissionais que tratam pacientes com problemas físicos, mentais e sociais por meio da música e dos sons. A própria Bíblia descreve como Davi curou a depressão do rei Saul, tocando-lhe harpa.

Agora faço uma pergunta para você: qual a música tem tocado no Ipod de sua vida?

Será que no top 10 de sua playlist está uma música que em si traz a força do amor? Um amor que sabe ter tons graves e agudos e nunca deixa a desafinação acontecer?

Será que na harmonia de instrumentos usados para compor a canção de sua vida a força do amor é o grande harmonizador das diferenças?

Deixe-se embalar por uma canção nova, que traz em si toda a força do amor que sabe se adaptar aos diferentes estilos e nem por isso perde sua potencialidade.

Você nunca ouviu alguma música que o tranquilizou? Ou alguma que fez com que respirasse fundo, pois atualizava aquele momento especial da vida?

Pois é, muitas canções, por meio de suas palavras e notas musicais, trazem-nos essa sensação de paz e felicidade e, porque não até dizer, de estado de graça?

Por meio da música, é possível protestar, impor uma opinião. mover multidões, podendo assim mudar toda uma geração.

Que tal revolucionar com uma música nova, revolucionar na força do amor? Amor tocado, amor cantado, amor dedilhado, a música não faz bem somente a uma pessoa e sim ao mundo todo, dependendo da força que a motiva.

Já imaginou como seria se, cada vez que você encontrasse o amor de sua vida, no fundinho estivesse tocando aquela música romântica? E uma música triunfante quando você lesse seu nome no listão do vestibular? Ia até ficar mais fácil identificar aqueles momentos importantes da vida dos quais você só se dá conta depois. Se houvesse uma trilha sonora, você ia saber na hora o que estava acontecendo.

Isso é possível. Que tal fazer de sua vida uma trilha sonora com a música certa para o momento certo? Embalada pela força do amor?

Basta ouvir o som do coração! Essa é a grande trilha sonora de nossa playlist da vida.

Tamu junto



Adriano Gonçalves

Comunidade Canção Nova


sábado, 6 de agosto de 2011

O significado da Transfiguração de Jesus

O episódio misterioso da Transfiguração de Jesus sobre um monte elevado, o Tabor, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e João, se situa no contexto a partir do dia
em que Pedro confessou diante dos Apóstolos que Jesus é o Cristo, “o Filho de Deus vivo”. Esta confissão cristã aparece também na exclamação do centurião diante de Jesus na cruz: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39), pois somente no Mistério Pascal o cristão pode entender o pleno significado do título “Filho de Deus”.
A partir desta revelação de Pedro, inspirado pelo Pai, Jesus, diz S. Mateus, “começou a mostrar a seus discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse… que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia” (Mt 16,21). Pedro rechaça este anúncio, os demais também não o compreendem, mas Jesus mostra a eles que afastá-lo do cálice da Paixão, que ele deveria beber, era ser movido por Satanás.
O Evangelho segundo S. Lucas destaca a ação do Espírito Santo e o sentido da oração no ministério de Cristo. Jesus ora antes dos momentos decisivos de sua missão: antes de o Pai dar testemunho dele por ocasião do Batismo e também antes da Transfiguração, e antes de realizar por sua Paixão o plano de amor do Pai.
O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, e é importante notar que o evangelista destaca sobre o que eles falavam: “de sua partida que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do céu diz: “Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o” (Lc 9,35). A nuvem e a luz são dois símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Desde as manifestações de Deus (teofanias) do Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto; com Salomão por ocasião da dedicação do Templo.
Na Transfiguração a Trindade inteira se manifesta: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara. E Jesus mostra sua glória divina, confirmando, assim, a confissão de Pedro. Mostra também que, para “entrar em sua glória” (Lc 24,26), deve passar pela Cruz
em Jerusalém. Moisés e Elias haviam visto a glória de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias. Fica claro que a Paixão de Jesus é sem dúvida a vontade do Pai: o Filho age como servo de Deus.
A rica liturgia bizantina assim reza na festa da Transfiguração: “Vós vos transfigurastes na montanha e, porquanto eram capazes, vossos discípulos contemplaram vossa Glória, Cristo Deus, para que, quando vos vissem crucificado, compreendessem que vossa Paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que vós sois verdadeiramente a irradiação do Pai.”
No limiar da vida pública de Jesus temos o seu Batismo; no limiar da Páscoa, temos a sua Transfiguração. Pelo Batismo de Jesus foi manifestado o mistério da primeira regeneração: o nosso Batismo; já a Transfiguração mostra a nossa própria ressurreição. Desde já participamos da Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos da Igreja. A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, como disse S. Paulo, ” Ele vai transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também que com Jesus “é preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14,22). Por isso, como Cristo, o cristão não deve temer o sofrimento.
Unidos a Cristo pelo Batismo, já participamos realmente na vida celeste de Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). “Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus,
em Cristo Jesus” (Ef 2,6). Nutridos com seu Corpo na Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no último dia, nós também seremos “manifestados com Ele cheios de glória” (Cl 3,3).
Santo Agostinho nos ensina que: “Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a Montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu recusas sofrer?” (Sermão 78,6).
Assim, pela Transfiguração Jesus preparou os discípulos para não se escandalizarem com a sua Paixão e morte na Cruz, o que para eles foi um trauma e um grande desafio; mostrou-lhes a Sua glória e divindade; e deu-lhes conhecer um antegozo do Céu. Mas para isso, como Ele, temos que passar pelas provações deste mundo, sempre ajudados pelas consolações de Deus.

Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dia do Padre

Chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um 'pai'

O Dia do Padre é celebrado oficialmente em 4 de agosto, data da festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o Papa Pio XI o proclamou "homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico".
Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus. Tendo em vista essa explicação, vamos entender por que a Igreja o escolheu como exemplo a ser seguido pelos sacerdotes, na condução de seus rebanhos.
Esse santo homem nasceu na França, no ano de 1786, e depois de passar por muitas dificuldades, por conta das poucas habilidades, foi ordenado sacerdote. Mas o bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, entendendo que sua capacidade intelectual seria muito limitada para dar conselhos.
Então, ele foi enviado para a pequenina Ars, no interior da França, como auxiliar do padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom de vocação, e por confiar nele o preparou para o sacerdócio. E esse pároco, outra vez inspirado, acreditou que o dom dele [São João Maria Vianney] era justamente o do conselho e o colocou servindo no confessionário.
Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero da Igreja, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como “Cura d’Ars”, mais tarde, foi o pároco da cidade, onde morreu em 1858, sendo canonizado em 1925.
Sem dúvida, São João Maria Vianney é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus escolheu os insignificantes para confundir os grandes". Ser padre é isso, exatamente a vida inteirinha do seu padroeiro.
Ele entende o chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um "pai" (padre) à semelhança de Cristo, que amou e deu a vida ao povo pobre, simples e marginalizado. Nunca hesita. Tudo aceita, confia e acredita em Deus e na sua Providência, e caminha seguro para missão que lhe é designada.
A vida simples e a simplicidade dos ensinamentos Jesus Cristo são o fundamento do seu ministério, único parâmetro e exemplo a seguir. A sua tarefa é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e eterno Sacerdote. É o padre, que através do Evangelho, leva os homens a Deus, pela conversão da fé em Cristo. Por isso, são pessoas que nascem com esse dom e, logo cedo ou no momento oportuno, ouvem o chamado de Deus para se consagrarem a servir à comunidade, nos assuntos que se referem a Ele.
Ser padre é ser "pai" de uma comunidade inteira. Como tal, é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância; o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita. Dessa Igreja missionária, que não sobreviveria sem o sacerdote, como indicou o próprio Jesus Cristo, seu fundador pela Paixão por nós.
Sua missão é construir comunidades, entender a alma humana e perdoar os pecados, evangelizar, unir e alimentar a comunidade pela Eucaristia. Entendem, como diz Lucas 21, 15: "Eu vos darei eloqüência e sabedoria, às quais nenhum de vossos adversários poderá resistir nem contradizer" , e são verdadeiras testemunhas da fé, por sua oração, sacrifício e coragem cristã.

Dom Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jales (SP)

São João Maria Vianney, Patrono dos Parócos

João Maria Batista Vianney, era de origem pobre e humilde, foi o quarto filho de Mateus e Maria Vianney. Nasceu pouco antes de irromper a Revolução Francesa em 08 de Maio de 1786 em uma pequena aldeia, Dardilly, que fica perto de Limonest, a dez quilômetros ao norte de Lyon, na França. Foi batizado no mesmo dia em que nasceu. No batismo recebeu o nome de João, ao qual acrescentou o de Maria por especial devoção à Maria Santíssima.
Desde a infância, manifestava uma forte inclinação à oração e um grande amor ao recolhimento. Muitas vezes era encontrado num canto da casa, jardim ou no estábulo, rezando, de joelhos, as orações que lhe tinham ensinado: o Padre-Nosso, a Ave-Maria, etc. Os pais, principalmente a piedosa mãe, Maria, cultivavam no filho esse espírito de religião e de piedade, que o levou a crescer na fé e ser devoto de Maria Santíssima.
Durante os anos da Revolução Francesa, quando a igreja da vila foi fechada pela perseguição religiosa, ele continuava a rezar. Para fazer isso, ele aproveitava algum tempo de seu trabalho, de cuidar de animais junto com seus irmãos, para rezar. Ele continuava a rezar, no final do dia, as orações habituais em casa com seus pais.
Ele gostava de ajudar os pais nas caridades que eles faziam, ajudando os necessitados. Quando jovem, caiu doente e passou quatorze meses nos hospitais de Lyon e de Roanne e não pode entrar para o serviço militar durante o império napoleônico, teve que viver escondido, exposto a graves perigos.
Desde pequeno queria ser padre a todo custo, mas esbarrou em dois obstáculos: pobreza e sobretudo a escassa inteligência. Em 1813, com vinte anos, ele ingressou no seminário Santo Irineu, em Lyon. Todos os cursos que devia fazer eram dados em latim. O problema surgiu de imediato; João Maria não entendia nada, e nas provas do primeiro mês tirou notas baixas, que o desclassificaram, mas estas notas não eram definitivas.
Insiste em entrar na Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, mas não é admitido pelas mesmas razões. Por causa disto, ele foi mandado de volta para Ecully, para estudar Teologia com seu amigo, padre Balley. O padre nesse tempo o ensinou na língua Francesa, língua do Vianney, e no final do curso ele fez as provas em Francês, e foi aprovado. Assim ele foi readmitido no Seminário.
No dia 02 de Julho de 1814 foi ordenado Subdiácono. João Maria continuou seus estudos na casa do amigo, padre Balley. Depois da batalha de Waterloo, quando os austríacos invadiram a região, João Maria foi a pé por falta de transporte, para Grenoble. Lá, no dia 13 de Agosto de 1815, ele foi ordenado padre, aos 29 anos de idade. No dia seguinte celebrou sua primeira Missa!
Ao Padre Vianney ninguém lhe fazia prognósticos animadores. Faltavam-lhe os apregoados dotes da razão que tanto faziam a grandeza dos séculos das luzes. Por essa razão, os padres estavam queixando-se ao bispo de Balley e pela mesma razão o bispo lhes respondera: “Não sei se ele é instruído; sei que é iluminado”. Começou a sua vida sacerdotal como ajudante do bispo Balley. O bispo Balley, continuou a dar ao padre Vianney os cursos de Moral e Teologia, Em Dezembro de 1817, o estado de saúde do bispo Balley agravou e ele faleceu.
Em Janeiro de 1818 veio o novo pároco para Ecully, mas ele tinha uma vida totalmente diferente do padre Vianney. Na verdade, o Padre Vianney era diferente. A par da simplicidade mais natural e de uma autêntica humildade, irradiava dele algo superior à inteligência, uma forma mais elevada de ver as coisas, que se manifestava nos conselhos que dava no jeito de conversar com as pessoas, de lhes ouvir os problemas e de lhes sugerir soluções ou confortá-las.
O Arcebispo de Lyon, Arquidiocese sede da Diocese de Ecully, sabendo dessa diferença pediu ao Vigário Geral Courbon, para informar ao padre Vianney, que ele seria transferido para a paróquia da Aldeia de Ars-em-Dombes. De nada mais que 200 a 300 habitantes, no dia 9 de fevereiro de 1818, uma sexta-feira, João Maria Batista Vianney chegou em Ars, para cuidar de uma capela semi-abandonada. Veio em uma carruagem, guiada por um paroquiano de Ecully, onde carregou seus pertences e uma biblioteca com trezentos volumes. Apesar de pequena instrução, gostava de ler livros.
Ao chegar à cidadezinha ficou meio confuso, porque a neblina cobria as casas. O entendimento foi difícil pois o menino, Antonio Givre, não sabia Francês e o dialeto de Ars era bem diferente de Ecully. Então perguntou ao garoto: “Menino, onde está Ars?” O menino apontou com o dedo dizendo-lhe: “É ali mesmo”. E João Maria Vianney disse ao menino: “Você me ensinou o caminho de Ars, e eu lhe ensinarei o caminho do céu”.
Essa predição era enfática, mas situada no tom romântico da época. Predição, ou não, o certo é que o pequeno pastor Antonio Givre morreu alguns dias depois dela. Um monumento de bronze, na entrada de Ars, lembra esse primeiro encontro. O Padre entrou no povoado levando muitos sonhos e esperanças. João Maria Batista Vianney era simples, por isso, quando chegou na paróquia de Ars, devolveu alguns móveis à proprietária, deixando somente o necessário. A sua alimentação era muito simples, apenas algumas batatas cozidas. Nem imaginava quanto iria sofrer ali dentro. Ars era pequena no tamanho, mas enorme quanto aos problemas: muitas casas de jogatina, de prostituição, de vícios, cidade paganizada. A capela estava sempre vazia.
Em 1818, Ars-em-Dombes era uma caricatura cristã. A fé não era vista com seriedade. A capela estava sempre deserta, o povo não freqüentava os sacramentos e o domingo era marcado por festas profanas. Aí ele dobrou seu tempo de oração. O Padre Vianney se pôs a rezar, fazer jejuns e penitência. Visitava as famílias e as convidava para a Santa Missa. Ars começou a transformar-se. Alguns começaram a ir à capela. A capela se enchia. Então o pároco fundou a Confraria do Rosário para as mulheres, e a Irmandade do Santíssimo Sacramento para os homens. Diante disso, os donos dos bares e organizadores de jogatinas começaram dura perseguição contra o Padre Vianney. Este chegou a dizer, “Ah, se eu soubesse o que é ser vigário, teria entrado num convento de monges”.
Ars Virou santuário com peregrinações. Pessoas cultas de outras cidade iam ouvir as homilias do Cura d’Ars. Quando algum padre lhe perguntava qual o segredo de tudo aquilo, o Padre Vianney lhe respondia: “Você já passou alguma noite em oração? Já fez algum dia de jejum?”.
Ele viveu toda a sua vida dedicada a Deus. Ele repousava de 02 a 04 horas no máximo por noite. Quando acordava ia a Igreja, rezava diante do Sacrário e depois ia confessar seus paroquianos. Eram inúmeras as pessoas que vinham se confessar com ele. Ele passou a maior parte de sua vida no confessionário. Chegava a ficar 14 horas confessando os paroquianos. Como era grande o número de pessoas, ele dividiu em vários confessionários, um para mulheres outro para homens, outro para doentes, etc. Ele marcava os horários para cada um.
O Cura d’Ars acreditava no poder da oração e do jejum e na resposta do bom Deus. Ele tinha em sua mente a exortação de São Paulo Apostolo: “Orai sem cessar” (1 Ts 5, 17). Não era orador, não falava com eloqüência, nas homilias perdia o fio da meada, atrapalhava-se, outras vezes não sabia como acabá-las cortava a frase e descia do púlpito acabrunhado. O mesmo acontecia na catequese. No confessionário, porém, estava sua maior atuação pelo mistério da Providência Divina. No aconselhamento das pessoas falava do bom Deus de forma tão amorosa que todos saiam reconfortados. Não sabia usar palavras bonitas, idéias geniais, buscava termos do quotidiano das pessoas.
No confessionário viveu intensamente seu apostolado, todo entregue às almas, devorado pela missão, integralmente fiel à vocação. Do confessionário seu nome emergiu e transbordou dos estreitos limites Ars-em-Dombes para aldeias e cidades vizinhas. Os peregrinos que desejavam confessar-se com ele começaram a chegar. Nos últimos tempos de vida eram mais de 200 por dia, mais de 80.000 por ano.
João Maria gostava muito de São Francisco, por isso, ele estava inscrito na Ordem Terceira Franciscana. Ele amava os pobres e ajudava sempre que tinha dinheiro e principalmente na parte espiritual. João Maria gostava muito também de Santa Filomena, e muitos escritores vinham ouvi-lo falar dela, e escreviam vários livros. Um deles é o “Santa Filomena Virgem Mártir” segundo “Santo Cura d’Ars”. Ele queria construir uma igreja para a Santa Filomena, mas não conseguiu, e hoje atrás da sua igreja foi construída uma basílica em honra de Santa Filomena, onde seu corpo incorrupto repousa num relicário.
O seu coração está conservado até hoje em uma capela dentro de um relicário. O padre Vianney transformou o lugarejo de Ars em uma aldeia menos atéia, com mais amor a Deus do que aos prazeres terrenos. Toda vez, antes de começar a Santa Missa, ele tocava o sino, na torre em que ele construiu, para avisar que era hora do cristão rezar, lembrar de Deus. Ele próprio ensinava catecismo para as crianças. João Maria era de estatura pequena, mas de constituição robusta. Sua vida de intenso trabalho, pouca alimentação, jejum e penitência, provocou um enfraquecimento.
Aos 73 anos de idade, na terça-feira, 02 de Agosto de 1859, João Maria Batista Vianney recebe a Unção dos Enfermos. Na quarta-feira, 03 de Agosto, assina seu testamento, deixando seus bens aos missionários e seu corpo à Paróquia. Às duas horas do dia 04 de Agosto de 1859, morre placidamente. Nos dias 04 e 05, trezentos padres mais ou menos e uma incalculável multidão desfilaram diante do seu Corpo, em prantos, para despedir. Quando chegou à cidadezinha ninguém veio recebê-lo, quando morreu a cidade tinha crescido enormemente e multidões de peregrinos o acompanharam à última morada.
A Igreja, que pela lógica humana receara fazê-lo sacerdote, curvou-se à sua santidade. João Maria Vianney foi proclamado Venerável pelo papa Pio IX em 1872, beatificado pelo papa São Pio X em 1905, canonizado pelo papa Pio XI em 1925 e pelo mesmo foi declarado padroeiro de todos os párocos do mundo, em 1929. Esse é o Santo Cura d’Ars, cuja memória, celebramos no dia 4 de agosto.
A vida do Santo Cura d’Ars confirma o que São Paulo Apóstolo escreveu: “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é, a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1 Cor 1, 27-29).
São dois grandes pensamentos conhecidos do povo católico no mundo inteiro do sábio Santo Cura d’Ars. O primeiro é: “Deixai uma paróquia 20 anos sem Padre e lá os homens adorarão os animais”. E o segundo: “Quem não tem tempo a perder para Deus, perde seu tempo”. Louvado seja o bom Deus pelo Santo Cura d’Ars.

São João Maria Vianney, Rogai por nós!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mês de Agosto, Mês Vocacional

Estamos no mês de agosto, um mês muito rico para a nossa vida em geral. É rico para a nossa vida familiar porque comemoramos o Dia dos Pais e temos a Semana da Família. É rico para a vida eclesial, pois temos grandes solenidades como a Transfiguração do Senhor, a Assunção de Nossa Senhora e Nossa Senhora Rainha. Celebramos grandes nomes da Igreja como Santo Afonso, fundador dos Missionários Redentoristas que cuidam da nossa Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, São Lourenço, padroeiro dos diáconos, Santa Clara, tão querida do nosso povo, Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina e que nos recorda a missão continental, o martírio de São João Batista, Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, a quem recordamos pelo amor ao seu filho e suas lágrimas pela sua conversão.
Recordo, ainda, o grande São João Maria Vianney, o Cura d’Ars. Ele é o padroeiro dos nossos padres e sua memória é a grande motivação para que o mês de agosto seja o mês Vocacional.
Neste mês, pensamos na vocação dos leigos e leigas, chamados a servir ao Reino de Deus através da sua índole secular, ou seja, sendo fermento na massa, sal da terra e luz do mundo em todos os ambientes em que vivem, ou seja, ambiente familiar, escolar, social, profissional, eclesial, no lazer, etc. Pelo testemunho dos leigos e leigas, muitas pessoas são motivadas a crer em Jesus Cristo, que nos leva à conversão e à participação na comunidade eclesial e na ação evangelizadora da Igreja, como discípulos e missionários.
Refletimos também sobre a vocação religiosa, a vocação daquelas pessoas que procuram seguir Jesus e à Igreja pela vivência dos conselhos evangélicos: obediência, pobreza e castidade, na vida comunitária e no serviço a Deus e aos irmãos e irmãs, através da missão específica da ordem ou da congregação religiosa.
Gostaria de pedir a sua atenção para a vocação sacerdotal. Todos nós sabemos da necessidade e da falta que temos de padres no nosso país, não apenas nas áreas missionárias mais distantes da nossa pátria, mas também, nas grandes cidades que crescem assustadoramente e o número de padres não acompanha este crescimento, com graves consequências para o povo de Deus, como a dificuldade para a participação na vida da Igreja, em especial nos sacramentos, a falta de acompanhamento espiritual e a pouca presença da Igreja nas grandes e graves questões que marcam a nossa época. Precisamos rezar, e rezar muito, para que tenhamos mais padres, e também para que os nossos padres sejam cada vez mais santos, fiéis a Jesus Cristo que os chama, e à missão que lhes é confiada.
Que pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, nossa Mãe e Padroeira, imploremos ao seu divino Filho muitas vocações para a Igreja e, principalmente, muitos padres santos e preparados, para que o Evangelho seja anunciado, as pessoas se convertam, o mal seja vencido e o Reino de Deus cresça no coração e no meio dos homens.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP

sábado, 30 de julho de 2011

Como diferenciar a voz de Deus da voz do mundo?

Como discernir se é realmente Deus que nos fala? Como separar a voz de Deus de nossas próprias inclinações? Como separar o que vem de Deus e o que procede de nossa vontade carnal? Como descobrir se estou sendo influenciado pela voz do espírito humano ou pelo espírito maligno? Como separar estes três tipos de sopros que podem existir dentro de nós?
É muito importante para o músico saber separar estes três tipos de sopros, pois então deste modo ele estará executando realmente um canto vindo do coração de Deus. [...]
O modo mais eficaz para ter discernimento é sendo íntimo de Deus. Se fôssemos íntimos de Deus, descobriremos facilmente a Sua voz e a saberemos diferenciar de todas as vozes que gritarem ao mesmo tempo querendo nos influenciar e dirigir.
Muitas vezes, servimos e não sabemos o que Deus quer, pois não O buscamos na oração, não treinamos nossos sentidos espirituais para escutar a voz d'Ele.
Isso é discernimento: Discernimento é saber diferenciar a voz de Deus da voz do mundo.
É difícil para o músico escutar, a maioria é dispersiva. Na hora em que o Senhor quer falar, muitas vezes, ele está afinando o instrumento ou cochilando. Grande parte dos músicos, no momento da escolha das músicas, em vez de escutar o Senhor, prefere seguir seu gosto musical, deixando assim de apresentar o que o Senhor quer. Satisfazem o desejo humano e atrapalham a obra de Deus Pai.
O músico precisa ficar atento, escutando com amor amor as palestras, com os sentidos espirituais aguçados para a letra das canções, estando prontos para apresentar o canto certo no momento certo. Isso só acontecerá se ele [músico] se tornar íntimo de Deus, se não se deixar levar pelos impulsos da emoção.[...]
O servo de Deus na música que procura o discernimento saberá trabalhar eficientemente com os carismas. Saberá usar os dons de Deus de acordo com o que Ele quer. Não adianta sermos instrumentos de cura divina se não temos o discernimento. Não adianta termos um dom de pregar que deixe todos suspensos, se não usarmos este dom com discernimento; ele fará mais males do que bem. O dom divino, quando usado sem discernimento, mais atrapalha do que ajuda, mais destrói do que constrói. Basta que olhemos um pouco para o início da nossa conversão: no afã de fazermos com que nossos parentes e amigos experimentassem a Deus, em vez de os convertermos nós os espantamos e criamos barreiras para Deus entrar, barreiras estas que talvez persistam até hoje. Nossa falta de discernimento quanto ao uso dos dons no início da nossa conversão pode ter feito mais estragos que pensamos. [...]
Existem muitos ministérios que não fizeram uma parada séria para saber o que Deus quer deles. Fazem toda uma programação anual sem consultar o Senhor. Escolhem suas atividades segundo suas vontades. Tocam e cantam a música divina sem ligar para o Autor delas. Reúnem-se para ensaiar e nem lembram de buscar a oração, o que é mais necessário: a presença de Deus. Existem muitos ministros de músicas causando mais confusão do que construindo um canto cristão ordeiro e frutuoso.
Por isso é preciso que todo aquele que serve a Deus na música pare um pouco.
Pare! Faça uma reflexão a respeito de sua vida de intimidade com o Senhor. Faça também um retiro espiritual com todo o seu conjunto musical cristão sobre sua programação, seu objetivo de vida, seu serviço na Igreja. Busque o discernimento para sua vida pessoal para o serviço comunitário.
Comece agora, antes que seja tarde!

(Trecho extraído do livro: "Formação espiritual de evangelizadores na música" de Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus)

terça-feira, 26 de julho de 2011

São Joaquim e Sant'Ana, Rogai por nós!

Com alegria celebramos hoje a memória dos pais de Nossa Senhora: São Joaquim e Sant'Ana.
Em hebraico, Ana exprime "graça" e Joaquim equivale a "Javé prepara ou fortalece".
Alguns escritos apócrifos narram a respeito da vida destes que foram os primeiros educadores da Virgem Santíssima. Também os Santos Padres e a Tradição testemunham que São Joaquim e Sant'Ana correspondem aos pais de Nossa Senhora.
Sant'Ana teria nascido em Belém. São Joaquim na Galiléia. Ambos eram estéreis. Mas, apesar de enfrentarem esta dificuldade, viviam uma vida de fé e de temor a Deus.
O Senhor então os abençoou com o nascimento da Virgem Maria e, também segundo uma antiga tradição, São Joaquim e Sant'Ana já eram de idade avançada quando receberam esta graça.
A menina Maria foi levada mais tarde pelos pais Joaquim e Ana para o Templo, onde foi educada, ficando aí até ao tempo do noivado com São José. A data do nascimento e morte de ambos não possuímos, mas sabemos que vivem no coração da Igreja e nesta são cultuados desde o século VI.

São Joaquim e Sant'Ana, Rogai por nós!

Feliz Dia dos Avós

Avós, simbolos de experiências
A sabedoria acumulada de duas gerações

Celebramos o Dia dos Avós (26/jul). Não se trata de mais uma data comemorativa criada com fins comerciais, mas de um dia de reflexão e agradecimento àqueles que tanto contribuem para a formação dos netos, sendo sua companhia cada vez mais constante e necessária no cenário atual, visto que os pais precisam trabalhar fora.
Nossos avós – e todos os idosos, de modo geral – são as pessoas que mais devem ser valorizadas como símbolos de experiência e sabedoria. Eles trazem consigo o testemunho de décadas, de gerações de avanços, modernidade e mudanças de comportamento.
Hoje, muitos deles consideram que o tempo não tem a mesma importância de outrora, tanto que o relógio de pulso é usado apenas como acessório.
Se hoje eles têm a pele flácida, o corpo mais sensível e a visão enfraquecida, devemos nos lembrar de que nem sempre foi assim. Afinal, já batalharam muito e dedicaram suas vidas ao cuidado da família. São tão dignos de carinho e respeito quanto nossos pais. Por isso, jamais devemos nos esquecer do verdadeiro valor deles.
Ser avô e avó, fazer parte da terceira ou quarta idade, não pode mais ser relacionado à invalidez, à inoperância ou à inutilidade. Grande parte ainda contribui com a mesma sociedade que os descarta, haja vista o elevado número de idosos responsáveis financeiramente por seus lares, cuidando de filhos e netos.
É muito triste constatar que em muitas famílias os idosos são tratados como objetos antigos. Há pessoas que costumam tecer comentários desrespeitosos a respeito dos mais velhos da casa, reclamando que só dão trabalho, que são lentos ou doentes. Quanta injustiça! Sua presença ensina aos mais novos o tesouro de enxergar o mundo com os olhos do coração.
Quem souber aproveitar o convívio com essas figuras que acumulam sabedoria de duas gerações, certamente terá muito a aprender com seus conselhos. Nossos avós detêm o conhecimento e a sabedoria que não são aprendidos nos livros e estão sempre dispostos a partilhar. São verdadeiros tesouros em nossa vida.

Abraços,

Dado Moura
Comunidade Canção Nova

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os motoristas e São Cristóvão

Conheça o exemplo de vida deste santo

Todos precisamos de proteção. Dependemos de Deus. Para as situações de risco, como é o caso de quem está na direção de um veículo, não elevar o pensamento para o alto ao ocupar seu posto de pilotagem será sempre uma temeridade. Em velocidade, os motorizados ajudam a encurtar distâncias, mas ao mesmo tempo nos colocam em estado de menor segurança e adiantam situações inesperadas. A fé vem em nosso socorro: Deus é Pai. Os santos, na glória, unem nossa pobre condição humana à santidade divina e diante do trono do Altíssimo, oram por nós, imersos na intercessão de Cristo. Costume antigo entre os cristãos é solicitar a companhia orante destes irmãos que nos precederam na fé e viveram situações semelhantes às nossas. Nós os chamamos de Padroeiros.
São Cristóvão é o anjo protetor dos motoristas. Mas, além da intercessão, o fiel deve olhar para os santos procurando exemplo de vida. Cristóvão, antes de se tornar cristão, se chamava Réprobo. Era um cananeu rude, alto de estatura. Inculto, mas inteligente, desejava conhecer e servir ao rei mais poderoso da terra.
Certo dia lhe apresentaram um. Foi com ele a uma peça de teatro na qual o nome do diabo era repetido com freqüência. A cada vez que o ouvia, o rei fazia o sinal da cruz. – “Por que fazes este sinal”, perguntou Rébrobo. – “Para me livrar das artimanhas do demônio”, respondeu. O escravo não se conformou. “Se há alguém de quem tens medo, então não és mais poderoso que ele”. Começou então a procurar o diabo para servi-lo, admitindo ser ele o maioral da terra. Um ser bem apessoado, atraente e forte iniciou por encantar o servo gigante.
Porém, um dia andando com ele pela estrada, viu que em certo sítio, o demônio desviou caminho. Perguntou: “por que desvias?” – “Porque neste trecho há cruz igual à de um tal Jesus de quem tremo de medo”. Constatou Réprobo: “então este é maior do que ti”. Abandonou-o de imediato e andou a procura do novo rei. Encontrou-o através de um eremita que lhe falou sobre o Salvador. O cristão lhe explicou que para encontrar a Cristo era necessária a oração. O convertido entristeceu-se e disse: “não sei rezar ainda”. “Então, podes jejuar”. – “Para mim esta prática é ainda muito difícil, pois preciso de muito alimento para manter meu pesado corpo”. – “Então”, disse-lhe o catequista, “comece pela caridade e chegarás ao encontro com Cristo”. Como era alto, pôs-se misericordiosamente a transportar nos ombros pessoas que precisavam atravessar um rio sem pontes.
Certo dia, chegou à margem uma criança que com caridade pôs em travessia. Pesava muito; peso descomunal. Correu risco de não suportar e se afogar nas águas caudalosas. Ao chegar ao outro lado, reclamou: “você me causou perigo e quase me levou à morte. Porque pesa tanto? Parecia-me ter o mundo inteiro sobre os ombros”. O menino então esclarece: “tranqüiliza-te; sou o Cristo a quem serves. Transportastes o rei da terra, o criador do mundo”. Por isso, terminada a catequese, o santo eremita o batizou com o nome de Cristóvão, que significa Transportador de Cristo.
Cristóvão a partir de então se tornou um cristão tão fiel e exemplar que a muitos outros converteu para Deus. Certa vez, o imperador mandou soldados para prendê-lo obrigando-o a adorar deuses pagãos. Ele, ao encontrá-los impressionou-os tão bem com sua bondade e fé que eles desistiram de prendê-lo. Cristóvão não aceitou. “Levem-me”, disse-lhes. No caminho os soldados se transformaram e se fizeram cristãos. Para levar Cristóvão a pecar, o rei mandou duas belas moças o tentarem. Uma chamava-se Nicéia outra Aquilina. Antes que elas iniciassem seus afagostatura, que alguns o achavam quase um gigante, Cristóvão lhes falou sobre a fé e a moral cristã e elas se arrependeram e pediram o batismo, deixando a vida de prostituição. Tão forte foi a conversão delas que nem diante das torturas voltaram atrás, mas enfrentaram corajosamente o martírio. Cristóvão foi perseguido, torturado, açoitado e por fim decapitado, mas nunca deixou de amar e servir ao maior e único Rei do mundo que em sua estrada teve a graça de encontrar.

Eis aí, motorista, seu patrono e seu exemplo.

São Cristóvão, Rogai por nós!

Dom Gil Antônio Moreira

sábado, 23 de julho de 2011

Minha música, minha oração

Olá! Mais uma vez venho partilhar algo do meu coração.
Começo perguntando: “A minha música leva à oração?” A resposta pode até estar na ponta da língua: “É claro que leva à oração!” Quantas pessoas nós conseguimos ver que estão rezando enquanto estamos ministrando a música ou tocando um instrumento.
Mas e quanto a nós? Nós rezamos enquanto levamos os outros à oração? Isso pode até ser uma velha reflexão, eu mesmo já ouvi Monsenhor Jonas Abib pregando sobre isso, mas percebo que corremos um grande risco de nos esquecer de que o Deus sobre o qual nós cantamos aos outros também é um Deus acessível a nós.
É preciso mergulhar e se entregar ao Senhor durante a nossa ministração [de música]. É preciso orar com nossos instrumentos, é preciso um mergulho profundo na oração para podermos colocar os acordes de forma certa, com a sensibilidade que é necessária para aquele momento. No entanto, muitas vezes, podemos até levar o outro à oração quando estamos tocando, mas não participamos da oração, estamos ali de “corpo presente” fazendo automaticamente o que gostamos de fazer. A consequência disso é que damos espaço ao demônio, que enche nosso coração de orgulho e, durante algum tempo, conseguimos fazer com eficácia nosso trabalho. Contudo, passado esse tempo, já estamos tão cheios de nós mesmos, o orgulho já dominou grande parte do nosso coração e começamos tocar para que os ouvidos e olhares se voltem para nós e colocamos a perder toda a graça de Deus para aquele momento.
Resultado desastroso, pois, dessa forma, nós já nos perdemos em nossos acordes lindos, dissonantes e o povo se perdeu na oração por nossa culpa.
A música traz grande prazer, o tocar e o cantar são bons para o músico, mas como é satisfatório e prazeroso para a alma rezar como músico! Rezar com a música que ele produz. Quanto Deus se alegra com isso. O resultado disso é a música ungida, experimentada por ele [músico] e dada aos outros a partir de um coração útil a Deus, livre do orgulho, do egoísmo, coração que reza e escuta o Senhor, que vai por meio do Espírito inspirando os acordes, a sensibilidade, o silêncio e levando o povo todo a uma experiência com o Senhor da música.
Temos que ser uma pauta em branco; quem coloca as notas nela é o Senhor, na clave que Ele quiser, mas quem executa somos nós experimentando a obra que Ele compôs.

Postado por Andre W. Florencio - Missionário da Comunidade Canção Nova
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domingo, 17 de julho de 2011

A unção na música

Por mais que tenhamos técnica e tenhamos todos os recursos da ciência musical, se não tivermos unção não cumpriremos a missão que o Senhor nos dá, que é sermos ministros da música.
Encontramos no Segundo Livro das Crônicas, no capítulo 5, versículos 12 a 14, um relato impressionante do que é ministrar a música com poder. Na ocasião os cantores e tocadores preparavam a entrada da Arca de Deus no templo de Jerusalém, recém-constituído:

“Todos os cantores levíticos, Asaf, Hemã, Jedutun, com os filhos e irmãos, lá estavam, vestidos de linho, levando címbalos, harpas e cítaras, do lado oriental do altar, junto com cento e vinte sacerdotes que tocavam trombetas. Quando todos unidos se puseram a tocar as trombetas e a cantar, ouvia-se como um único som, louvando e dando graças ao SENHOR. Ao som das trombetas, dos címbalos e dos instrumentos musicais cantou-se em honra do SENHOR: “Sim, ele é bom, eterno é seu amor”. Nesse momento o templo se encheu com a nuvem da glória do SENHOR,e os sacerdotes nem podiam continuar o ato litúrgico por causa da nuvem, pois a glória do SENHOR enchia a casa de Deus.”

Na passagem bíblica é citada três vezes a expressão “neste momento”. Foi exatamente no momento em que os tocadores e cantores se uniram para celebrar o louvor do Senhor que a casa de Deus se encheu com a glória d'Ele. Não foi em outro momento, mas no momento em que a música era executada, com unção, que a glória do Senhor entrou no recinto.

Quando o ministério de música se une com o intuito de ministrar a música para o louvor do Senhor, o poder e a glória do Todo-poderoso enchem os recintos e a música enche os lugares com a presença d'Ele. Se o ministério não se uniu com o objetivo de dar glória a Deus, a música não será ministrada com o poder do alto e não atrairá a glória de Deus. Ministério desunido não enche os lugares com a glória de Deus.
É justamente este o papel do ministério de música: encher os lugares com a glória de Deus, atrair a glória do Senhor para os recintos, de modo que as pessoas sejam tocadas e tenham o coração convertido ao Senhor.

Não é fácil saber quando o ministério de música está ungido, pois neste momento nossos sentidos se voltam para a glória do Senhor. Porém, é muito fácil verificar quando o ministério não está ungido, pois a música não convence, as pessoas ficam dispersas e desatentas. Quando falta unção na música, os sentidos dos ouvintes se voltam para o conjunto ou para o ministério e não para Deus.

Para a música ser ministrada com unção ela precisa primeiro cair no coração de quem a executa e convencê-lo primeiro; é necessário que seja ministrada a música em primeiro lugar para si mesmo. É muito duro verificar que muitas pessoas nem prestam atenção ao que estão cantando, nem se preocupam com o que a letra está dizendo. Cantar sem colocar o coração, sem ministrar para si mesmo, é o que o sino da igrejinha faz: toca, toca, toca chamando o povo para a Santa Missa, mas ele não entra, fica de fora!

(Trecho extraído do livro: "Formação espiritual de evangelizadores na música" de Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus).

sábado, 16 de julho de 2011

Nossa Senhora do Carmo, Rogai por nós!

Pelo ano de 1222, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra, alguns Carmelitas que habitavam o Monte Carmelo. Um homem penitente, austero, logo se uniu a eles. Era Simão Stock. Consta que tivesse ele recebido um aviso de Nossa Senhora que viriam da Palestina Monges devotos de Maria e que deveria unir-se a eles. Vieram depois tantos Carmelitas para a Europa que foi preciso nomear um Superior Geral para os mesmos. Em 1245, foi ele eleito para desempenhar este cargo. Encontrou ele dificuldades quase insuperáveis. Mandou que os Carmelitas estudassem: isto gerou uma discórdia interna, pois não queriam os mais velhos que contemplativos estudassem. O clero secular revoltou-se contra eles e pediu a Roma sua supressão. Diante de tanta oposição, Simão Stock, com seus 90 anos, retirou-se para o mosteiro de Cambridge, no Ducado de Kent, e pedia a proteção de Maria. Orava ele em sua cela, quando viu um clarão, na noite de 16 de julho de 1251. Rodeada de anjos, Maria Santíssima entregou-lhe o Escapulário, dizendo-lhe: "Recebe, filho queridissimo, este Escapulário de tua Ordem: isto será para ti e todos os Carmelitas um privilégio. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno".
Desde aquele 16 de julho de 1251, Nossa Senhora do Carmo jamais deixou de amparar seus devotos, revestidos do Escapulário.
Passaram sete séculos, Milhões de cristãos, trouxeram o Escapulário de Maria.
É verdade que aqui e acolá surgem vozes, negando a aparição e, por consequência, a devoção devida a Maria.
O maior inimigo do Escapulário do Carmo foi o Anglicano Launoy, dizendo que é uma lenda. O livro de Launoy foi colocado no Índice dos Livros Proibidos. O papa Bento XIV, um dos mais sábios teólogos de todos os tempos, não se limitou apenas a condenar Launoy, mas disse claramente que só um desprezador da Religião podia negar a autenticidade da Visão do Escapulário. Apesar disto, o livro de Launoy continuou a ser citado e as dúvidas persistiram. Foi devido aos ataques que se fez um estudo mais apurado e se descobriu o livro, denominado "Viridarium", escrito em 1398 por Frei João Grossi, Superior Geral dos Carmelitas. Era um homem santo e letrado, célebre na Igreja pela atividade exercida para terminar com o Grande Cisma do Ocidente. Consultou os companheiros que conviveram com S. Simão Stock. Apresenta ele um Catálogo dos santos Carmelitas, dizendo que o nono é S. Simão Stock, o sexto superior geral da Ordem. Descreveu como aconteceu a aparição, a 16 de julho de 1251. Contou que São Simão Stock morreu em Bordeus, na França, quando visitava a Província de Vascônia em 1261.
Infelizmente, a biblioteca de Bordeus foi queimada um século depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo, por funcionários municipais, por causa de uma peste, com medo da propagação do contágio.
Henrique VIII, rei da Inglaterra, ao se separar de Roma e, ao fundar a Igreja anglicana, mandou arrasar as bibliotecas católicas.
Um carmelita contemporâneo de São Simão Stock, que vivia na Palestina, escreveu um livro intitulado: "De multiplicatione Religionis Carmelitarum per Provinciais Syriae et Europae; et de perditione Monasteriorum Terrae Sanctae". Nesta obra, contava as terríveis perseguições e dissenções que arruinavam a Ordem do Carmo, antes da aparição de Nossa Senhora . Opinava ele que eram fomentadas por Satanás. Declarava ele que a Santíssima Virgem apareceu ao Prior Geral, São Simão Stock e que, após a Visão de Nossa Senhora do Carmo, o Papa não só aprovara a Ordem, mas ordenara que se empregassem censuras eclesiásticas contra todo aquele que, daí em diante, fosse contra os Carmelitas. O Papa mandou cartas a todos os Arcebispos e Bispos, exortando-os a tratar com mais caridade e consideração os seus amados irmãos Carmelitas e permitissem a construção de mosteiros adequados.
Um ano depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo, o Rei da França, Henrique III, em 1252, publicou diplomas de proteção real à Ordem recentemente transplantada para o seu reino.
Em 1262, um ano após a morte de São Simão Stock, o Papa Urbano IV concedeu privilégios aos membros que compunham a Confraria do Carmo. Ora o Papa só dá privilégios a associações bem constituídas.
Quinze anos depois da morte de S. Simão Stock, ocorrida em 1261, foi sepultado em Arezzo, a 10 de janeiro de 1276, o Papa Gregório X, que governou a Igreja, desde 1271. Consta que antes de ser Papa usava o Escapulário. Em 1830 quando foi exumado seu corpo para ser colocado num relicário de prata, foi encontrado intacto o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, de seda de carmezim, com precioso bordado a ouro, como convinha ao Papa. Encontra-se, hoje, no museu de Arezzo, como um dos tesouros. Este é o primeiro Escapulário pequeno conhecido na História.
Em 1820, numa Assembléia, em florença, Itália, os 40 Carmelitas reunidos falam do Escapulário, ocorrendo o mesmo, em julho de 1287, em Montpelier, França.
As constituições de 1324, 1357 e 1369 dizem que o Escapulário é o hábito especial da Ordem e que os Carmelitas devem usá-lo.
Diante disto, John Haffert diz: "Conclui-se, portanto, que a aparição da Santíssima Virgem a S. Simão Stock é, historicamente, ceríssima".
Uma vez demonstrada a historicidade da aparição de Nossa Senhora do Carmo, John Haffert analisa o cumprimento da Promessa de Maria, através dos sete séculos. Conta ele fatos e mais fatos ocorridos com o que, na vida, trouxeram o Escapulário de Nossa Senhora.

Artigo escrito por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba para o Jornal Gazeta do Povo.
www.santuariodocarmo.com.br

segunda-feira, 11 de julho de 2011

São Bento, Rogai por nós!

Abade vem de "Abbá", que significa pai, e isto o santo de hoje bem soube ser do monaquismo ocidental. São Bento nasceu em Núrcia, próximo de Roma, em 480, numa nobre família que o enviou para estudar na Cidade Eterna, no período de decadência do Império.
Diante da decadência – também moral e espiritual – o jovem Bento abandonou todos os projetos humanos para se retirar nas montanhas da Úmbria, onde dedicou-se à vida de oração, meditação e aos diversos exercícios para a santidade. Depois de três anos numa retirada gruta, passou a atrair outros que se tornaram discípulos de Cristo pelos passos traçados por ele, que buscou nas Regras de São Pacômio e de São Basílio uma maneira ocidental e romana de vida monástica. Foi assim que nasceu o famoso mosteiro de Monte Cassino.
A Regra Beneditina, devido a sua eficácia de inspiração que formava cristãos santos por meio do seguimento dos ensinamentos de Jesus e da prática dos Mandamentos e conselhos evangélicos, logo encantou e dominou a Europa, principalmente com a máxima "Ora et labora". Para São Bento a vida comunitária facilitaria a vivência da Regra, pois dela depende o total equilíbrio psicológico; desta maneira os inúmeros mosteiros, que enriqueceram o Cristianismo no Ocidente, tornaram-se faróis de evangelização, ciência, escolas de agricultura, entre outras, isso até mesmo depois de São Bento ter entrado no céu com 67 anos.

São Bento, Rogai por nós!

sábado, 9 de julho de 2011

Show: Mostrar algo ou mostrar-se?

"O que eu quero mostrar para as pessoas?"

Hoje em dia é muito comum ouvirmos no meio católico a palavra "show", que dentro muitas traduções, traz os verbos: mostrar e expor. Quando existe uma mostra de algo, certamente, é para que esse algo seja apreciado ou até mesmo adquirido por alguém em função da experiência positiva que ele teve com o que foi mostrado.

A música católica tem tido cada vez mais espaço para mostrar algo ao povo. Não temos dúvida de que "esse algo" é Deus, que é o grande motivo da "mostra" acontecer! Como missionário e músico católico tenho muito medo de que minha "mostra" seja cheia de mim mesmo e pouco de Deus.
Senão, de que adianta cantar em nome d'Ele?

Este é o risco que hoje nós músicos católicos enfrentamos: fazer um show cheio de nós e pouco de Deus.
Muitos me perguntam como fazer para que o show seja essa mostra de Deus e sempre digo que tudo começa em sabermos quem somos, de onde viemos e quem nos chamou. Precisamos saber que viemos de Deus, que quem nos chamou foi Ele e, antes de se "preocupar" com o nosso show, Ele se preocupa com a nossa salvação.
Antes de músicos, somos filhos de Deus.
Antes de uma boa produção (que é necessária!), Ele nos chama a sermos discípulos que testemunham com a vida, no dia a dia, que o nosso coração encontrou o que tanto buscava.

Músicos, "a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus"! (Rm 8, 19). Precisamos inflamar o mundo com a nossa radicalidade de vida, a qual é fruto de um encontro pessoal com Jesus Ressuscitado.
Coragem! Precisamos fazer a diferença e ser referência para todos que, de alguma forma, tocam a nossa vida.

Que possamos ouvir bem o convite que São Paulo faz a nós: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo" (I Cor 11, 1).
Nossa missão é, primeiramente, experimentar o amor verdadeiro que transforma e converte a nossa vida e, como consequência, espalhá-lo ao mundo por intermédio da nossa missão como ministros de música.

Seja feliz! Seja fiel! Seja de Deus!


Nilton Júnior

Comunidade Católica Pantokrator

domingo, 3 de julho de 2011

Série: Virtudes dos Músicos - Bom ouvinte

Em sintonia com o Som que vem do Céu

O ministro de música tem senso de melodia, é afinado, tem ritmo, não entra fora do tom. Portanto, se alguém, sabendo dessas características que todo ministro de música necessariamente deve ter, notar que ele não preenche esses requisitos, tem duas saídas: uma é pedir que Deus lhe conceda a acuidade musical; outra é questionar-se profundamente sobre o seu papel no ministério, pois talvez o dom dele não seja o de cantar, mas o de interceder ou de escutar o Senhor e passar para a equipe de música aquilo que o Senhor quer.

(Trecho extraído do livro: "Formação espiritual de evangelizadores na música" de Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus).

sábado, 2 de julho de 2011

Festa do Imaculado Coração de Maria

Celebrar a festa do Imaculado Coração de Maria é saborear a insondável misericórdia de Deus que quis amar com coração humano, a partir do Coração de Maria de Nazaré. Celebrar o Imaculado Coração de Maria é aproximar-se de uma pessoa maravilhosa, espaço onde Deus encontrou total transparência, santidade, beleza e doação total. Mas a nossa Mãe Imaculada não quer só que a admiremos, mas a imitemos procurando viver em total transparência, sinceridade, verdade e santidade diante de Deus e dos Homens.
A Palavra de Deus oferecida para esta celebração leva-nos ao Deus que tem coração, que ama. Ele faz coisas impensáveis para derramar sobre nós o seu amor e a sua misericórdia.
A sua relação conosco e a sua revelação é uma história de amor. Mas, é, sobretudo em Jesus Cristo seu Filho – no Seu Mistério Pascal – que todo o seu amor, jorra abundante e é derramado no coração da humanidade.
O Evangelho de Lucas convida-nos a ser discípulos do amor. Convida-nos a subir a Jerusalém para tocarmos os sinais do seu amor, a realização das promessas, a verificarmos a certeza da sua ressurreição ao «terceiro dia», e a comunicá-Lo com entusiasmo e alegria.
Cristo nossa Páscoa é o centro do amor de Deus e da nossa busca, procura, aceitação e compromisso. É a partir daqui que todos nascemos e devemos viver. Devemos viver na e da fé. E esta fé é tanto mais autêntica quanto mais se compromete em mistério pascal: encontro com Cristo ressuscitado. E a partir desse Acontecimento a dar a vida, a fazer-se doação. Há, pois, um chamamento à nossa identificação com a Cruz de Cristo, isto é, quando «tiverem passado os dias festivos», os sinais da festa, do entusiasmo e nos parecer ter perdido tudo ou se transformarem os acontecimentos em dor, tristeza e desilusão.
Maria de Nazaré, feliz porque acreditou, aparece como referência do autêntico discípulo que acredita e vive todos os acontecimentos, sobretudo os mais dolorosos e difíceis. Ela vive em confiança e doação total. Ele sabe permanecer e sabe estar de pé na firmeza do poder do amor de Cristo morto e ressuscitado.
Hoje o seu Imaculado Coração é forte sinal para toda a Humanidade. Convite a aceitarmos o amor, a voltarmos ao amor, a dizermos não à tentação e sedução do mundo da violência, da morte, da arrogância e do poder do mal. Maria é voz de Boa-Nova a anunciar que Cristo está vivo. Ela continua a ser presença da força do mistério pascal de Cristo que vence o pecado e a morte. Na sedução enganosa da construção do mundo à margem do amor de Deus, importa acatar a mensagem do Seu Coração.
Todos aprendemos a amar. É, sobretudo com os pais e na família, a melhor e mais importante universidade, que aprendemos vários sinônimos e sinais do amor.
A Palavra de Deus convida-nos à arte de amar: «Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no Senhor». O salmo traduz a pessoa enamorada que canta a beleza da bondade e misericórdia de Deus, das maravilhas que opera. Maria, no Evangelho, aparece como a mais bela docilidade amorosa diante do projecto de Deus.
Maria quer ensinar-nos a arte mais importante: a arte de amar. Amar é fácil de dizer, mas difícil de viver. Maria vive-a como ninguém. Ao mostrar o seu Coração Imaculado é, sobretudo a vida que Ela mostra. Ela quer ensinar-nos que o amor repara os pecados, reanima a esperança, leva à vida, une, constrói, perdoa, santifica, defende os pequeninos e liberta os humilhados.
O Seu Coração Imaculado sofre de maneira incalculável tantos crimes, pecados e ofensas. É preciso travar o mal com o amor incondicional a Deus e por Ele a todos os Homens. O Seu Coração Imaculado é um convite de forma especial a todos os seus filhos para que Deus «brilhe» com mais transparência em todo o seu ser e vida.
Espírito que orienta a vida dos homens e mulheres para Deus, ajuda-me a dizer como meu sim, como fez Maria afim de que possa crescer cada dia, em sabedoria e graça, buscando, como Jesus, adequar minha vida ao querer do Pai.

Padre Bantu Mendonça K. Sayla
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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

A sexta-feira seguinte ao segundo domingo depois de Pentecostes a Igreja Católica celebra a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Além da celebração litúrgica, muitas outras expressões de piedade têm por objeto o Coração de Cristo. Não tem dúvida de que a devoção ao Coração do Salvador tem sido, e continua a ser, uma das expressões mais difundidas e amadas da piedade eclesiástica. Entendida à luz da Sagrada Escritura, a expressão “Coração de Cristo” designa o mesmo mistério de Cristo, a totalidade do seu ser, a sua pessoa considerada no seu núcleo mais íntimo e essencial.
Como o têm lembrado frequentemente os Romanos Pontífices, a devoção ao Coração de Cristo tem um sólido fundamento na Escritura. Jesus apresenta-se a si mesmo como mestre “manso e humilde de Coração” (Mt. 11, 29). Pode dizer-se que a devoção ao Coração de Jesus é a tradução em termos cultuais do reparo que, segundo as palavras proféticas e evangélicas, todas as gerações cristãs voltaram para aquele que foi atravessado (cfr. Jo. 19, 27; Zc. 12, 10), isto é, o costado de Cristo atravessado pela lança, do qual brotou sangue e água, símbolo do “sacramento admirável de toda a Igreja”.
O texto de São João que narra a ostentação das mãos e do costado de Cristo aos discípulos (Cfr. Jo. 20, 20) e o convite dirigido por Cristo a Tomás para que estendesse a sua mão e a introduzisse no seu costado (Cfr. Jo, 20 27), tiveram também um influxo notável na origem e no desenvolvimento da piedade eclesiástica ao Sagrado Coração.
Estes textos, e outros foram objeto de assídua meditação por parte dos Santos Padres que desvendaram as riquezas doutrinais e com frequência convidaram aos fiéis a penetrar no mistério de Cristo pela porta aberta de seu costado. Assim, santo Agostinho diz: “A entrada é acessível: Cristo é a porta. Também se abriu para ti quando o seu costado foi aberto pela lança. Lembra o que dali saiu; portanto olha por onde podes entrar. Do costado do Senhor pendurado que morria na Cruz saiu sangue e água quando foi aberto pela lança. Na água está a tua purificação, no sangue a tua redenção.”
A Idade Média foi uma época especialmente fecunda para o desenvolvimento da devoção ao Coração do Salvador. Homens insignes pela sua doutrina e santidade, como São Bernardo (+1153), São Boaventura (+1274), Santa Lutgarda (+1246), Santa Matilde de Magdeburgo (+1282), as Santas Irmãs Matilde (+1299) e Gertrudes (+1302), Ludolfo de Saxónia (+1378) e Santa Catarina de Siena (+1380) aprofundaram o mistério do Coração de Cristo no qual percebiam o “refúgio” aonde acolher-se.
Na época moderna o culto ao Sagrado Coração do Salvador teve novo desenvolvimento. No momento em que o jansenismo proclamava os rigores da justiça divina, a devoção ao Coração de Cristo foi um antídoto para suscitar nos fiéis o amor ao Senhor e a confiança na sua infinita misericórdia, da qual o Coração é prenda e símbolo. São Francisco de Sales (+1622), que adotou como norma de vida e apostolado a atitude fundamental do Coração de Cristo, ou seja, a humildade, a mansidão, (Cfr. Mt. 11, 29), o amor terno e misericordioso; Santa Margarida Maria Alacoque (+1690), a quem o Senhor mostrou repetidas vezes as riquezas do Seu Coração; São João Eudes (+1680), promotor do culto litúrgico ao Sagrado Coração; São Cláudio de la Colombière (+1682), São João Bosco (+1888) e outros santos têm sido apóstolos insignes da devoção ao Sagrado Coração.
As formas de devoção ao Coração do Salvador são muito numerosas; algumas têm sido explicitamente aprovadas e recomendadas pela Santa Sé. Entre elas devem ser lembradas: a Consagração pessoal, que, segundo Pio XI, “entre todas as práticas do culto ao Sagrado Coração é sem dúvida a principal”; a Consagração da família; as Ladainhas do Sagrado Coração de Jesus; o Ato de Reparação; e a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras.
É preciso, porém, que se instrua de maneira conveniente os fiéis: sobre o fato de que não se deve pôr nesta prática uma confiança que se converta em vã credulidade que, na ordem da salvação, anule as exigências absolutamente necessárias de Fé operante e do propósito de levar uma vida conforme ao Evangelho; sobre o valor absolutamente principal do domingo, a “festa primordial”, que deve caracterizar-se pela plena participação dos fiéis na celebração eucarística.

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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dia do Papa

No dia 29 de junho, a Igreja celebra a festa de São Pedro, o apóstolo que Jesus escolheu para ser o chefe dos apóstolos, como se lê não só no Evangelho de São Mateus (16, 18), mas também em São João (21, 16-18). Através da imagem das chaves Cristo prometeu-lhe a chefia da cidade e entregou-lhe o rebanho todo. Por ser a festa de São Pedro, é o dia do papa, que é seu sucessor.
O atual é Bento XVI. Neste dia todos os católicos do mundo rezamos por ele, pedindo ao Senhor que as luzes do Espírito Santo o iluminem e o fortifiquem para o bem da Igreja.
O poder do Papa na Igreja não é de um soberano absoluto, cujo querer é lei. Mas sua missão é por-se a serviço da palavra de Deus e fazer que esta palavra de Deus esteja no coração de todos. É pois Ele que ilumina os passos da humanidade e aponta os caminhos do Evangelho em nome de Jesus Cristo.
Por ser criatura humana, carrega em si, não obstante a excelsitude de seu cargo e de sua missão, as qualidades e limitações da natureza humana. Daí as diferenças pessoais dos Papas. Para os que temos fé, sabemos ver nos Papas, que a história nos retrata, tanto a autoridade suprema em nome de Jesus, como as diferenças pessoais de cultura, de psicologia, de origem e de formação.
No Papa atual Bento XVI, temos de reconhecer sua invejável cultura teológica, doutor que é em teologia. Sua tese de doutorado foi sobre a teologia de Santo Agostinho.
Além do preparo inrtelectual no campo da teologia, Bento XVI é “expert” na arte musical. Pianista, levou para seus aposentos o piano, que possuia quando cardeal. Isto se deve ao ambiente musical de seu lar e da sua família. Hoje, nas poucas horas vagas do seu dia, consegue deslisar os dedos ageis na sonora brancura do teclado. E sua preferência é por Mozart. Ele mesmo recorda que, “na sua paróquia de origem, quando nos dias de festa, tocavam uma Missa de Mozart, para mim era como se estivessem abertos os céus”.
Homem muito discreto, vive no silêncio de seu palácio, de modo que pouco ou quase nada se sabe de sua vida pessoal. Apenas, por indiscrição de um cardeal, com quem almoçava às vezes, antes de ser papa, sabe-se que aprecia doce e chocolate. Sem dúvida um bom gosto...
Sabe-se por confidência dele mesmo, que no seminário, quando jovem, sua “verdadeira tortura” era a hora do esporte, por não se sentir dotado para o exercício físico.
Estas pinceladas, que tentam mostrar a personalidade do nosso atual Pontífice, têm a pretensão de fazê-lo mais conhecido, admirado e amado. E no seu dia, que é a festa de São Pedro, o Senhor O conserve, O faça feliz e iluminado para o bem de nossa Igreja. E sempre abençoado, como diz seu próprio nome.

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
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Solenidade de São Pedro e São Paulo

Hoje a Igreja do mundo inteiro celebra a santidade de vida de São Pedro e São Paulo apóstolos. Estes santos são considerados "os cabeças dos apóstolos" por terem sido os principais líderes da Igreja Cristã Primitiva, tanto por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários.
Pedro, que tinha como primeiro nome Simão, era natural de Betsaida, irmão do Apóstolo André. Pescador, foi chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu ao Mestre, estando presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro. Em princípio, fraco na fé, chegou a negar Jesus durante o processo que culminaria em Sua morte por crucifixão. O próprio Senhor o confirmou na fé após Sua ressurreição (da qual o apóstolo foi testemunha), tornando-o intrépido pregador do Evangelho através da descida do Espírito Santo de Deus, no Dia de Pentecostes, o que o tornou líder da primeira comunidade. Pregou no Dia de Pentecostes e selou seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado em uma das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor, Jesus Cristo.
Escreveu duas Epístolas e, provavelmente, foi a fonte de informações para que São Marcos escrevesse seu Evangelho.
Paulo, cujo nome antes da conversão era Saulo ou Saul, era natural de Tarso. Recebeu educação esmerada "aos pés de Gamaliel", um dos grandes mestres da Lei na época. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte de muitos deles.
Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o batismo do Espírito Santo e preparou-se para o ministério. Tornou-se um grande missionário e doutrinador, fundando muitas comunidades. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação.
Escreveu treze Epístolas e ficou conhecido como o "Apóstolo dos gentios".

São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

sábado, 25 de junho de 2011

Série: Virtudes dos Músicos - Paciência a toda prova

“Os sinais distintivos do verdadeiro apóstolo se realizaram em nosso meio por intermédio de uma paciência a toda prova, de sinais, prodígios e milagres” (II Cor 12,12).

O primeiro detalhe que distingue quem é apóstolo é a paciência a toda prova. Os sinais, prodígios e milagres que seguem o apóstolo de Cristo são o resultado da paciência colocada à prova.
Toda falta de paciência resulta da falta de amor, pois onde reina o amor, impera a paciência. Da palavra “paciência” podemos tirar duas outras: PAZ e PACIÊNCIA.
Paciência é saber esperar com esperança, com paz e com conhecimento de que Deus tudo pode realizar em nós e por nós. O servo músico sofre as demoras de Deus sabendo que o tempo do Senhor é melhor que o nosso tempo (cf. Eclo 2,1ss). O ministro de Deus na música tem calma para ensaiar com os fiéis as canções e não se irrita com o desacerto dos outros.

(Trecho extraído do livro: "Formação espiritual de evangelizadores na música" de Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus).